Folha de S. Paulo


Dólar se mantém em R$ 3,47 após BC; Bolsa tem realização de lucros e cai

Pelo terceiro dia seguido, o Banco Central agiu pesadamente no mercado de câmbio, realizando três leilões de swap reverso, que totalizaram US$ 6 bilhões. Ainda assim, o dólar comercial fechou praticamente estável nesta quinta-feira (14), no patamar de R$ 3,47.

O Ibovespa terminou em baixa de 1,39%, com os investidores embolsando os lucros de altas recentes. O principal índice da Bolsa paulista foi influenciado ainda pelo cenário externo desfavorável, especialmente pela queda das commodities.

Os desdobramentos no campo político seguem no foco dos investidores, mas, segundo analistas, o mercado já "precificou" a possível aprovação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff no plenário da Câmara, no próximo domingo (17).

Os juros futuros de longo prazo e o CDS (credit default swap) recuaram com as perspectivas de mudança do governo.

Os investidores, no entanto, estão atentos à sessão extra do STF (Supremo Tribunal Federal) que vai analisar os recursos contra o processo de impeachment.

A sessão extra do STF está sendo realizada neste momento, e seu resultado terá repercussão no pregão desta sexta-feira (15).

DÓLAR

O dólar comercial fechou em leve baixa de 0,02%, a R$ 3,4760, e o dólar à vista, cujas negociações terminam mais cedo, terminou em queda de 0,60%, a R$ 3,5152. A cotação máxima do dia chegou ao nível de R$ 3,53.

A valorização do real ante o dólar ocorreu mesmo após o Banco Central ter realizado três leilões de swap cambial reverso (equivalente à compra futura de dólar pela autoridade monetária). Ao todo, foram 120.000 contratos, que somam US$ 6 bilhões.

DÓLAR
Saiba mais sobre a moeda americana
NOTAS DE DÓLAR

Foi o segundo maior volume de swap cambial reverso leiloado em um único dia. O recorde, de US$ 8 bilhões, ocorreu na última terça-feira (12). O terceiro maior foi nesta quarta-feira (13), US$ 5,250 bilhões.

Pelo terceiro dia seguido, o BC não rolou contratos de swap cambial tradicional (que correspondem à venda futura de dólar) que vencem em maio.

Com a estratégia, destacam analistas, o BC aproveita o momento de baixa do dólar para reduzir sua posição vendida, ao mesmo tempo que evita oscilações bruscas da moeda.

As operações de hoje reduziram o estoque de swap cambial tradicional do BC para US$ 80,520 bilhões. Em 18 de março, quando anunciou que retomaria os leilões de swap cambial reverso, o estoque era de US$ 108 bilhões.

Somente nesta semana, o BC colocou 405 mil contratos de swap cambial reverso, totalizando US$ 20,25 bilhões.

"Ainda há no mercado muitas posições compradas em dólar sendo desfeitas, e, como amanhã é o último dia útil antes da votação do impeachment na Câmara, a pressão vendedora está muito forte", afirma Ítalo Santos, especialista em câmbio da corretora Icap.

"Se o impeachment passar no plenário da Câmara, o dólar pode chegar ao patamar de R$ 3,30, então o BC deve atuar ainda mais no câmbio", diz.

A pressão de baixa do dólar, em função das expectativas no cenário político, se sobrepôs ao cenário externo negativo. Os preços das commodities recuaram e o dólar subiu frente à maior parte das moedas globais nesta quinta-feira.

No mercado de juros futuros, o contrato de DI para janeiro de 2017 ficou estável em 13,650%, e o DI para janeiro de 2021 recuou de 13,140% para 13,020%.

O CDS, espécie de seguro contra calote e indicador da percepção de risco do país, perdeu 1,93%, para 337,072 pontos, no menor patamar desde 28 de agosto de 2015 (331.232 pontos).

Cotação do dólar comercial em 2016, em R$ - Cotação da moeda se mantém em R$ 3,47 após ação do BC

BOLSA

O Ibovespa chegou a subir na parte da manhã, mas inverteu o sinal, em um movimento de realização de lucros, ampliado pelo cenário externo negativo.

O principal índice da Bolsa paulista fechou em queda de 1,39%, aos 52.411,02 pontos. O giro financeiro foi de R$ 8,872 bilhões. No acumulado do ano, no entanto, o índice tem alta de 20,9%,

O papel PNA da Vale perdeu 6,75%, a R$ 13,80, e o ON caiu 7,00%, a R$ 18,20, pressionados pela queda do preço do minério de ferro na China. Entre as siderúrgicas, CSN ON recuou 11,98%, Gerdau PN, -10,53% e Usiminas PNA, -9,90%, devolvendo parte dos ganhos expressivos das últimas sessões.

As ações PN da Petrobras recuaram 3,68%, a R$ 9,16, e a ON, -3,04%, a R$ 11,47. Os preços do petróleo chegaram a subir mais cedo, mas mudaram de direção.

No setor financeiro, Itaú Unibanco PN perdeu 2,90%; Bradesco PN, -2,41%; Banco do Brasil ON, -1,79%; Santander unit, -2,10%; e BM&FBovespa ON, +1,79%.

VARIAÇÃO DO IBOVESPA EM 2016 - Em pontos

EXTERIOR

O dólar avançou em vários países. Dados semanais mostrando queda maior que a esperada nos pedidos de auxílio-desemprego nos EUA impulsionaram a moeda americana, uma vez que indicaram fortalecimento da economia do país.

Por outro lado, os preços ao consumidor nos EUA subiram menos do que o esperado em março e o núcleo da inflação desacelerou. Os dados reforçam a percepção de que o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), se manterá cauteloso para elevar os juros neste ano.

Na Bolsa de Nova York, porém, os índices fecharam perto da estabilidade, pressionados pela queda do petróleo. O Dow Jones ganhou 0,10%; o S&P 500, +0,02%; e o Nasdaq, -0,03%.

Na Europa, as Bolsas fecharam no campo positivo: Londres (+0,03%); Paris (+0,47%); Frankfurt (+0,67%); Madri (+0,46%); e Milão (+0,90%).

As ações chinesas avançaram para novas máximas em três meses, com os investidores otimistas em relação aos dados sobre o crescimento econômico da China no primeiro trimestre, que serão divulgados nesta sexta-feira (15). Os mercados do restante da região também subiram, atingindo o maior nível em mais de quatro meses.


Endereço da página:

Links no texto: