Folha de S. Paulo


Jardins inovadores vão de fachada de prédios a minúsculos potes de vidro

Mesmo as áreas de comércio e serviço mais tradicionais podem se beneficiar com processos de inovação.

Três empresas de jardinagem e paisagismo estão faturando com novos formatos de produtos e serviços.

Na Ecojardim, a novidade é o desenvolvimento de fertilizantes e pesticidas naturais e não tóxicos, alinhados à tendência de uso de itens orgânicos vista em vários setores econômicos.

Moacyr Lopes Junior/Folhapress
SAO PAULO, SP, BRASIL. 07.04.2016. O jardim vertical da fachada do hospital 9 de Julho. (Foto: Moacyr Lopes Junior/Folhapress, MPME). ***EXCLUSIVO*** ORG XMIT: AGEN1604071526448225
Jardim vertical da fachada do hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, feito pela Vertigarden

Tal característica permite que animais e crianças frequentem o jardim mesmo na época de manutenção.

O fundador da empresa, Vaner Silva, é técnico agrícola e somava 18 anos de experiência na área quando decidiu abrir a empresa, em 2009, em Porto Ferreira (SP) -distante cerca de 200 km da capital paulista.

O investimento na companhia foi de R$ 300 mil. Logo, o empresário aderiu ao modelo de franquias, algo também pouco comum no setor de jardinagem no Brasil.

Hoje há 60 unidades da Ecojardim no país. O investimento inicial para ser franqueado é de R$ 36 mil.

"Muita gente pedia para ele dar cursos de jardinagem. Em vez disso, ele preferiu vender o conhecimento na forma das franquias", diz Alexandre Silva, 41, irmão de Vaner e diretor comercial da companhia.

A implantação de um jardim de 150 m², considerado pequeno pela empresa, custa cerca de R$ 22.500.

Em 2015, a empresa cresceu 12%, chegando a um faturamento de R$ 8 milhões.

PEQUENO OU GRANDE

A piracicabana Vertigarden, dos sócios e engenheiros agrônomos André Bailone, 37, e Carlos Hanada, 45, inovou não apenas na técnica, mas também no formato.

A dupla fundou em julho de 2012 uma empresa para atuar no ramo de jardins verticais para áreas urbanas.

Divulgação
Jardim miniatura da Jardim do Pote, de São Paulo
Jardim miniatura da Jardim do Pote, de São Paulo

As estruturas verdes são montadas sem terra, com placas de alumínio com propileno e mantas que não apodrecem. O consumo de água é baixo e a irrigação e a fertilização são automatizadas.

A montagem é feita com jardineiros alpinistas.

Em 2015, a empresa cresceu 20%. Neste mês, eles pretendem começar a oferecer franquias da empresa para o jardins residenciais, e dizem já haver cinco interessados.

O maior projeto da companhia é o jardim de 1.000 m² (na foto acima) na fachada do Hospital Sírio-Libanês, na região central de São Paulo.

Um jardim da empresa custa entre R$ 800 e R$ 1.100 por metro quadrado.

A proposta da Jardim no Pote, fundada em 2013 pelas sócias e amigas Juliana Seibel, 32, e Lina Cirilo, 29, segue a direção oposta.

Suas criações são pequenas o suficiente para caberem em vidros, chaveiros e até mesmo lâmpadas.

Os minúsculos jardins com terrários são montados com plantas suculentas, cactos e musgos. Podem ter ainda miniaturas de pessoas e animais, representando a família do comprador.

Uma das criações foi um jardim que recriava uma cena de pedido de casamento.

Os vasos exigem pouca manutenção e irrigação. Os mais baratos, como os montados em ímãs para geladeira, custam R$ 18.

O produto mais caro já desenvolvido, um terrário com musgo, saiu por R$ 400.

A inspiração para o empreendimento veio de uma tia de Seibel, que fazia pequenos vasos com musgos.

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Jardim miniatura da Jardim do Pote, de São Paulo
Jardim miniatura da Jardim do Pote, de São Paulo, recriando uma cena de piquenique

"Ficamos encantadas com o vaso bem na época em que buscávamos uma ideia para ter um negócio próprio", conta a empresária.

A dupla pesquisou e percebeu que os terrários haviam sumido do mercado brasileiro. A fundação da empresa demandou investimento inicial de R$ 30 mil.

A Jardim no Pote está crescendo, mas as sócias, que não revelam o faturamento, querem conter o movimento.

"Preferimos nos manter menores, para poder dar mais atenção a cada venda e criação e manter o contato com os clientes", diz Seibel.

RENOVAR

Pesquisar sobre ideias inovadoras é questão de sobrevivência para os empresários e precisa se tornar hábito, afirma Gil Giardelli, professor de inovação e marketing digital na ESPM.

"A tendência atual de consumo é que as empresas pouco inovadoras sejam deixadas de lado", afirma.

Segundo ele, os empreendedores devem dedicar tempo para troca de ideias dentro e fora da empresa.

"Pode ser em casa mesmo, com amigos. Uma hora por semana, pode-se fazer o café da inovação, no qual toda ideia é bem-vinda", diz ele, propondo uma expansão do processo conhecido como brainstorming nos anos 1990.

"Uma ideia diferente denota criatividade, mas só pode ser considerada inovação se for executável", diz.

Segundo Giardeli, estudos internacionais estimam que apenas 1% das ideias inovadoras efetivamente se transformam em algo executável.

"No Brasil não é diferente. As pessoas não costumam levar adiante suas ideias", diz.

Para ajudar nesse processo de transformar ideia em produto ou serviço existem consultorias de inteligência de mercado que avaliam se a proposta é mesmo uma novidade e, principalmente, se tem potencial de vendas.

Outro ponto defendido por Giardelli é que as falhas na criação de novos produtos ou serviços sejam mais valorizadas e encaradas como parte do processo.

"Parte do processo de inovar é cometer erros e adaptar as soluções às descobertas. Os erros têm que ser encarados com naturalidade".


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