Folha de S. Paulo


Dilma reconhece discrepância em preço da gasolina no país e no exterior

A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta terça-feira (5) que a redução do preço da gasolina é uma decisão que cabe a Petrobras, mas ressaltou que há uma discrepância entre o valor praticado no país e no exterior.

Em entrevista à imprensa, ela afirmou que a diferença existe desde o ano passado, mas que não é hábito da empresa estatal fazer "mudanças súbitas nem para cima nem para baixo".

"Há desde o ano passado uma discrepância entre o preço praticado no Brasil e o preço praticado no exterior. Se a Petrobras houver por bem fazê-lo, é o caso de fazer. Se ela houver por bem não fazer, é o caso dela não fazer. Mas que existe a discrepância, existe, e sabemos que existe desde o ano passado", disse.

Com a queda do preço do petróleo no mercado internacional, a gasolina e o diesel são vendidos no Brasil a preços superiores ao mercado internacional.

As contas variam entre especialistas: de acordo com a Tendências, por exemplo, a diferença é hoje de 23,5% no caso da gasolina e de 42,7% no caso do diesel.

"Houve um mês em que disseram que estava tão grande a diferença que tinha de baixar o preço. Isso é uma questão que diz respeito a Petrobras. Se ela estiver perdendo participação no mercado, ela tomará um atitude. Se ela não tiver, tomará outra", disse a petista.

DEFASAGEM - Diferença entre preço da gasolina no Brasil e no golfo do México (em %)

Em carta enviada a integrantes do conselho de administração da empresa estatal, o presidente Aldemir Bendine disse que não há decisão sobre a redução dos preços.

Na segunda-feira (4), as ações da estatal caíram cerca de 9% depois de informações sobre uma possível revisão dos preços.

O Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) calcula que, na média mensal, a gasolina no Brasil foi vendida a um valor 24,8% superior ao verificado no mercado internacional. Já no caso do diesel, o prêmio da estatal é de 50,4%.

Entre os conselheiros da Petrobras, porém, é majoritária a visão de que a estatal não deve reduzir preços neste momento, sob o risco de prejudicar o processo de ajuste em suas contas.

Com uma dívida de quase R$ 500 bilhões, a companhia vem cortando custos e investimentos para tentar sobreviver à crise.


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