O primeiro pregão de abril começou com mau humor nos mercados globais em função da queda nos preços do petróleo, dados ruins relativos à indústria japonesa e dólar em alta frente à maior parte das moedas. A divulgação de dados de emprego nos EUA melhor que o esperado também levou os investidores a reagirem negativamente em um primeiro momento, com a volta dos temores de uma elevação em breve dos juros norte-americanos.
Essas preocupações se dissiparam ao longo da sessão, levando os índices da Bolsa de Nova York a subir e a moeda americana perder fôlego. No Brasil, o dólar também passou a cair e o Ibovespa avançou, acompanhando a melhora em Wall Street. Os juros futuros, que subiam, inverteram a direção.
A leitura passou a ser que os juros americanos não deverão subir já em abril, em linha com as declarações feitas na terça-feira (29) pela presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), Janet Yellen.
No campo doméstico, a nova fase da Operação Lava Jato deflagrada nesta sexta-feira (1) trouxe algum ânimo a investidores, que viram uma maior dificuldade para o governo no processo de impeachment.
A moeda americana à vista fechou em queda de 0,03%, a R$ 3,5627, no menor nível desde 27 de agosto de 2015 (R$ 3,5450). O dólar comercial perdeu 0,97%, a R$ 3,5620, também no menor patamar desde 27 de agosto do ano passado (R$ 3,5520). Operadores atribuíram o movimento ao fluxo positivo de dólares para o país em função da melhora do apetite dos investidores por risco, mas sem relação direta com o quadro político.
"Há, neste momento, muita incerteza se vai haver mesmo o impeachment ou não", comenta Hideaki Ilha, operador de câmbio da Fair Corretora. "O que está bem claro mesmo é que o mercado quer este governo fora."
O Banco Central não realizou nesta sexta-feira leilão de swap cambial reverso, que equivale à compra futura de dólares pela autoridade monetária, depois de não ter sido bem-sucedido nas duas sessões anteriores.
O BC, porém, voltou a oferecer rolagem de swap cambial tradicional, correspondente à venda futura da moeda. Foram rolados integralmente nesta sexta-feira os 5.500 contratos com vencimento em 2 de maio, no montante total de US$ 268,2 milhões.
Dólar segue em queda ante o real - Variação da moeda americana à vista, em R$
Os juros futuros operavam em alta nesta sexta-feira, mas também mudaram de direção. O contrato de DI para janeiro de 2017 caiu de 13,885% na véspera para 13,780%; o DI para janeiro de 2021 recuou de 13,910% para 13,720%. Segundo um operador, com a melhora do humor dos investidores, os juros futuros acabaram passando por um ajuste nesta sexta-feira, após avançar nas duas sessões anteriores.
BOLSA
Após passar a manhã em queda, seguindo seus pares globais, o Ibovespa se firmou no campo positivo e terminou em alta de 1,01%, aos 50.561,53 pontos. O giro financeiro somou R$ 6,426 bilhoes.
Segundo analistas, a alta da Bolsa brasileira acompanhou a melhora dos índices na Bolsa de Nova York.
No campo político, permaneciam as incertezas em relação ao possível impeachment ou não da presidente Dilma Rousseff. "A nova fase da Operação Lava Jato traz expectativa por maiores implicações ao atual governo", pondera o analista Vitor Suzaki, da Lerosa Investimentos, em relatório.
As ações da Petrobras recuavam mais cedo, acompanhando os preços do petróleo, mas as preferenciais terminaram em alta de 0,11%, a R$ 8,36, enquanto as ordinárias caíram 0,94%, a R$ 10,53.
Em Londres, o petróleo Brent caía 2,30%, a US$ 38,69 o barril; em Nova York, o WTI recuava 4,04%, a US$ 36,79, depois que a Arábia Saudita indicou que só vai congelar sua produção se o Irã e outros grandes
produtores fizerem o mesmo.
Os papéis da Vale chegaram a operar em queda, mas fecharam no campo positivo. Vale PNA subiu 4,30%, a R$ 11,87, enquanto Vale ON avançou 2,37%, a R$ 15,51.
No setor financeiro, Itaú Unibanco PN ganhou 0,70%; Bradesco PN, +1,95%; Banco do Brasil ON, estável; Santander unit, +1,59%; e BM&Bovespa ON, +1,23%.
VARIAÇÃO DO IBOVESPA EM 2016 - EM PONTOS
EXTERIOR
Nos EUA, a geração de 215 mil vagas de emprego em março, acima das expectativas de analistas de 205 mil vagas, mostrou a resiliência da economia norte-americana em um cenário de desaceleração global. O dado trouxe inicialmente o temor de elevação mais rápida dos juros norte-americanos. Além disso, um outro relatório mostrou que o setor de manufatura dos EUA cresceu em março.
No entanto, como a presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano), Janet Yellen, havia reforçado na terça-feira (29) que é preciso cautela para se elevar as taxas, os investidores digeriram melhor os números. Desta forma, o dólar perdeu a força que vinha exibindo perante a maior parte das moedas globais e abriu espaço para a alta na Bolsa de Nova York.
O índice Dow Jones terminou com ganho de 0,61%; o S&P 500, +0,63%; e o Nasdaq, +0,92%.
As Bolsas europeias fecharam em queda nesta sexta-feira: Londres (-0,47%); Paris (-1,43%); Frankfurt (-1,71%); Madri (-1,38%); Milão (-1,88%). Os índices foram pressionados pela queda do petróleo.
As ações chinesas recuperaram as perdas do começo da sessão e encerraram a sexta-feira com leve alta. Porém, no restante do continente, a expressiva queda na Bolsa de Tóquio pressionou os outros mercados asiáticos, com uma série de dados fracos da indústria japonesa.