O dólar iniciou a sexta-feira (1) em alta ante o real, acompanhando o movimento global de valorização da moeda norte-americana, em meio à aversão ao risco e à queda do petróleo nesta sessão. Porém, inverteu o sinal e passou a cair, chegando a R$ 3,55. O Ibovespa iniciou a sessão no terreno negativo, mas inverteu a direção. E os juros futuros, que subiam pela manhã, passaram a cair.
A melhora no mercado doméstico ocorre em meio à cautela em relação ao cenário político. Ao mesmo tempo em que o governo se movimenta para deter um possível impeachment da presidente Dilma Rousseff, investidores avaliam os desdobramentos da nova fase da Operação Lava Jato.
São cumpridos dois mandados de prisão temporária —do empresário e dono do "Diário do Grande ABC", Ronan Maria Pinto, e do ex-secretário-nacional do Partido dos Trabalhadores Silvio Pereira, conhecido como Silvinho— e dois de condução coercitiva —do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e do jornalista e diretor editorial do site "Opera Mundi", Breno Altman.
Segundo o Ministério Público Federal, a operação investiga um suposto esquema de lavagem de capitais de cerca de R$ 6 milhões provenientes de gestão fraudulenta no Banco Schahin, cujo rombo foi coberto depois pela Petrobras.
"A nova fase da Operação Lava Jato traz expectativa por maiores implicações ao atual governo", avalia o analista Vitor Suzaki, da Lerosa Investimentos, em relatório.
Depois de atingir a máxima de R$ 3,8051 pela manhã, seguindo o movimento de alta no exterior, a moeda americana à vista recuava há pouco 0,24%, a R$ 3,5552. O dólar comercial perdia 1,11%, a R$ 3,5570.
Operadores, no entanto, atribuem esta queda do dólar ao fluxo positivo da moeda americana para o país, o que não estaria necessariamente ligado ao quadro político. "Há, neste momento, muita incerteza se vai haver mesmo o impeachment ou não", comenta Hideaki Ilha, operador de câmbio da Fair Corretora. "O que está bem claro mesmo é que o mercado quer este governo fora."
O Banco Central não realizou nesta sexta-feira leilão de swap cambial reverso, que equivale à compra futura de dólares pela autoridade monetária, depois de não ter sido bem-sucedido nas duas sessões anteriores.
A autoridade monetária, porém, voltou a oferecer rolagem de swap cambial tradicional, correspondente à venda futura da moeda. Foram rolados integralmente nesta sexta-feira os 5.500 contratos com vencimento em 2 de maio ofertados, equivalentes à metade dos contratos com vencimento no período.
O dólar, porém, se mantinha em alta ante as principais moedas globais, com o real voltando a se descolar do cenário externo.
Os juros futuros operavam em alta nesta sexta-feira, mas também mudaram de direção. O contrato de DI para janeiro de 2017 passava de 13,885% na véspera para 13,835%; o DI para janeiro de 2021 recuava de 13,910% para 13,870%. Segundo um operador, os juros futuros passam por um ajuste, após avançar nas duas sessões anteriores.
Dólar segue em queda ante o real - Variação da moeda americana à vista, em R$
BOLSA
O Ibovespa, que caiu durante boa parte da manhã, também inverteu o sinal. Há pouco, avançava 0,29%, aos 50.200,47 pontos. Analistas atribuem o movimento à melhora dos índices em Nova York, após a divulgação de dados sobre o mercado de trabalho norte-americano melhores que o esperado.
Os papéis da Vale, que recuavam, passaram a subir: o PNA subia 4,56%, a R$ 11,90, e o ON ganhava 3,89%, a R$ 15,74. Os preços do minério na China avançaram nesta sexta-feira, após sete dias seguidos de queda.
As ações da Petrobras perdiam 1,31%, a R$ 8,24 (PN) e 2,06%, a R$ 10,41 (ON), reagindo à queda dos preços do petróleo no mercado internacional.
Em Londres, o petróleo Brent caía 2,05%, a US$ 38,79 o barril; em Nova York, o WTI recuava 3,55%, a US$ 36,98. A Arábia Saudita indicou que só vai congelar sua produção se o Irã e outros grandes
produtores fizerem o mesmo.
No setor financeiro, Itaú Unibanco PN perdia 0,32%; Bradesco PN, +0,59%; Banco do Brasil ON, +0,30%; Santander unit, +2,12%; e BM&Bovespa ON, +1,43%.
EXTERIOR
Em Nova York, o Dow Jones subia 0,21%, o S&P 500, +0,15%; e o Nasdaq, +0,38%, com os investidores avaliando que, apesar dos fortes dados de emprego, os juros norte-americanos não devem subir já em abril, como sinalizou na terça-feira (29) a presidente do Fed (Federal Reserve), o banco central dos EUA, Janet Yellen.
Foram geradas 215 mil vagas de trabalho em março nos EUA, acima das expectativas de analistas de 205 mil vagas, o que indica fortalecimento da economia norte-americana.
As Bolsas europeias fecharam em queda nesta sexta-feira: Londres (-0,47%); Paris (-1,43%); Frankfurt (-1,71%); Madri (-1,38%); Milão (-1,88%). Os índices foram pressionados pela queda do petróleo.
As ações chinesas recuperaram as perdas do começo da sessão e encerraram a sexta-feira com leve alta. Porém, no restante do continente, a expressiva queda na Bolsa de Tóquio pressionou os outros mercados asiáticos, com uma série de dados fracos da indústria japonesa.