Folha de S. Paulo


Dólar cai a R$ 3,62 com expectativa de PMDB deixar governo; Bolsa sobe

O dólar fechou em queda de 1,5% e voltou abaixo de R$ 3,65 nesta segunda, com investidores apostando que a provável saída do PMDB da base do governo aumentaria as chances de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

O dólar comercial teve queda de 1,49%, cotado a R$ 3,627. Já a moeda à vista teve queda de 1,17%, a R$ 3,636.

O movimento veio após nova mudança na rotina de intervenções do Banco Central no câmbio, que não realizou nenhum leilão neste pregão.

"É a reta final. O mercado enxerga a saída do PMDB como o começo do fim do governo Dilma", disse o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado.

O PMDB reúne-se na terça-feira para tratar de seu futuro no governo e as expectativas são de que o maior partido da base aliada decida deixar o governo.

A provável saída do PMDB enfraqueceria as linhas de defesas do governo contra o impeachment no Congresso. Muitos operadores enxergam que a saída de Dilma do Palácio do Planalto é um passo para a recuperação da economia brasileira mas outros, porém, ressaltam que as turbulências políticas tendem a dificultar o ajuste econômico.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ver com "certa tristeza" a possibilidade de os peemedebistas abandonarem o governo, mas disse que ainda é possível um acordo que mantenha a legenda alinhada ao Palácio do Planalto.

"O impeachment está cada vez mais palpável, mais concreto. Se isso não acontecer, a reação do mercado vai ser forte", disse o superintendente regional de câmbio da corretora SLW, João Paulo de Gracia Correa.

Recente pesquisa da Reuters com profissionais do mercado mostrou que o dólar pode atingir o recorde de R$ 4,25 se Dilma permanecer na Presidência neste ano, ou cair a R$ 3,50 se ela deixar o governo.

O recuo recente da moeda norte-americana, que também foi motivado pelo ambiente externo mais favorável, levou o BC a rever sua política de atuação no câmbio. No mês, até o pregão passado, o dólar acumulava queda de 8,05% sobre o real.

A autoridade monetária voltou a ofertar na semana passada swaps cambiais reversos e reduziu a rolagem dos swaps tradicionais –contratos equivalentes a compra e venda futura de dólares, respectivamente.

Após o fechamento de quinta-feira, o BC informou que não faria nesta sessão leilão para rolagem de swaps tradicionais que vencem em abril, e também não anunciou oferta de swaps reversos.

Se não voltar a rolar, após sete rolagens integrais consecutivas, terá reposto o equivalente a US$ 6,745 bilhões, ou cerca de 67% do lote total de swaps tradicionais que vencem no mês que vem, correspondente a US$ 10,092 bilhões.

"O BC está dando dois passos para frente e um para trás. Parece que ele não vai deixar o dólar cair muito, mas a estratégia dele está muito confusa", resumiu o operador de um banco nacional que negocia diretamente com o BC.

Alguns operadores especulam que o BC teria como meta evitar que o dólar recue abaixo de R$ 3,60 no curto prazo, com medo de prejudicar as exportações em um momento de profunda recessão econômica. Por outro lado, cotações altas da moeda norte-americana tendem a pressionar as expectativas de inflação deste ano, que vêm recuando recentemente.

BOLSA

O principal índice da bolsa brasileira subiu 2,5% nesta segunda, também influenciado pela reunião do PMDB.

Investidores também monitoram a última semana de divulgação de balanços de quarto trimestre de empresas brasileiras.

O Ibovespa fechou em alta de 2,38%, a 50.838 pontos. Com isso, o índice compensou a perda de 2,28% acumulada na semana passada, quando quebrou uma sequência de cinco semanas de ganhos. O giro financeiro desta sessão somou R$ 6,38 bilhões.


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