Folha de S. Paulo


Economia dos Estados Unidos cresce 2,4% em 2015

Os americanos abriram a carteira e ajudaram a economia dos Estados Unidos a expandir mais do que o esperado no último trimestre de 2015. Com isso, o PIB (Produto Interno Bruto) do país cresceu 2,4% em 2015.

As empresas não tiveram a mesma sorte, registrando recuo de 8% nos lucros no mesmo período.

A expansão do PIB foi de 1,4% nos últimos três meses do ano, o dobro do previsto inicialmente pelo Departamento de Comércio norte-americano.

Ainda assim os números são menores do que os do terceiro semestre (2%). No final, o avanço ao longo do ano foi equivalente aos 2,4% de 2014.

O órgão divulgou na sexta (25) a terceira e última revisão do PIB no ano passado.

Para analistas, a fórmula para a alta do PIB e a baixa nos lucros foi a seguinte: enquanto consumidores não abandonaram as compras, amparados por inflação baixa e mercado de trabalho estável, algumas companhias cortaram investimentos.

Moeda local forte, petróleo barato e ventos internacionais desfavoráveis estão entre os fatores que explicam a postura retraída nos negócios.

"O fortalecimento do dólar, o declínio acentuado nos custos de energia e as crescentes pressões salariais, tudo isso teve um papel no baque das margens de lucro", disse Jim Baird, da consultoria Plante Moran Financial Advisors, ao "Wall Street Journal". "Contra esse pano de fundo, não é nenhuma surpresa que as empresas tenham cortado o capital investido."

Para José Márcio Camargo, economista da Opus Investimentos, o PIB favorável torna mais provável um aumento do juros pelo Fed (banco central dos EUA) em abril.

A subida do consumo e a redução dos ganhos corporativos, "mesmo quando tiramos os efeitos da queda dos preços de energia" (que tornam petroleiras menos competitivas, por exemplo), colaboram para esse cenário, diz Camargo à Folha.

"Esses dois fatores sugerem que os salários já estão crescendo significativamente, o que começa a pressionar lucros, preços e investimentos de forma negativa."

Em dezembro, o Fed elevou as taxas pela primeira vez desde 2006, de zero a 0,25% para 0,25% a 0,5%). Necessária na recessão dos anos 2000, a marca próxima de zero servia para ajudar a economia a se recuperar, o que já teria acontecido. Nos meses seguintes, a turbulência internacional freou a expectativa de aumento gradual nos juros, e a taxa ficou onde estava.

O consumo interno (que representa quase 70% da economia norte-americana) puxou o PIB para cima, com expansão anual de 2,4% (maior do que os 2% estimados anteriormente).

Apesar do tombo nos meses derradeiros, os lucros corporativos também ficaram no positivo em 2015: 3,3%.

O governo dos EUA costuma parcelar em três fases a divulgação do PIB: a primeira estimativa em janeiro e duas outras revisões nos meses seguintes.


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