Folha de S. Paulo


Presidente da Telecom Italia, dona da TIM no Brasil, deixará o cargo

Pedro Ladeira/Folhapress
BRASILIA, DF, BRASIL, 29-05-2014, 12h00: Marcos Patuano, presidente da Telecom Itália, na sede da TIM em Brasília. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, MERCADO) ***ESPECIAL***
Marcos Patuano, então presidente da Telecom Itália, na sede da TIM em Brasília

O presidente da Telecom Italia, Marco Patuano, deixará o comando da operadora nesta terça-feira (22) a pedido da Vivendi, grupo de mídia francês que recentemente se tornou maior acionista da companhia italiana, dona da Tim no Brasil.

Patuano fez carreira na Telecom Italia, onde permaneceu por 25 anos. Presidia a companhia desde novembro de 2013. Além do "pacote" de saída, que está sendo negociado, ele já tem garantidos € 7 milhões, o equivalente a dois anos de salário, que é o mínimo previsto em contrato para diretores que deixam a companhia.

No lugar de Patuano ficará o presidente do conselho de administração, Giuseppe Recchi, até que um novo presidente seja escolhido. O nome mais forte para ocupar o cargo é o de Flavio Cattaneo –presidente da companhia ferroviária italiana NTV e membro do conselho da Telecom Italia. Sua influência política é o que mais agrada a Vivendi em um momento em que seria preciso mudanças regulatórias para que a Telecom Italia pudesse também oferecer conteúdo para TV. Este é o maior ativo do grupo de mídia francês.

A Vivendi entrou na Telecom Italia devido à venda da GVT para a Telefónica, dona da Vivo no Brasil. A operação ocorreu em setembro de 2014 e parte do pagamento aos franceses foi feito em ações que os espanhóis tinham da Telecom Italia, cerca de 8%.

A Vivendi chegou devagar no conselho da Telecom Italia. Foi adquirindo mais ações no mercado com o tempo e, em dezembro, atingiu quase 25% –o que lhe deu direito a quatro assentos no conselho. Alinhada com outros representantes no conselho, obteve maioria e passou a pressionar Marco Patuano mais fortemente por mudanças de rumo na companhia.

Os representantes da Vivendi queriam um corte de custos, ampliação de margens de lucro e um plano de investimento mais "eficiente", segundo fontes que acompanharam as discussões. Ainda segundo elas, a situação chegou ao limite com os resultados "insatisfatórios" de 2015.

Há quem diga que Patuano também se colocou contrariamente à venda da Tim, o que seria defendido pelos franceses. Mas a Vivendi ainda não está certa sobre o que fazer no Brasil. Neste momento, ainda segundo pessoas próximas, a venda da Tim reduziria pouco o endividamento da Telecom Italia e provocaria uma queda ainda maior no Ebitda (lucro antes do pagamento de juros, impostos, depreciação e amortização). Ou seja: o momento não seria propício para o negócio.

Também foi descartada a possibilidade de uma fusão entre a Tim e a Oi, que estava sendo avaliada por ambas as partes.


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