Folha de S. Paulo


Expansão de fábrica da Petrobras dobra de preço, mas para no meio

Aprovado em 2008, o projeto de expansão e modernização da fábrica de lubrificantes da Petrobras em Duque de Caxias (RJ) tornou-se uma grande dor de cabeça para a companhia, com estouro do orçamento e sem previsão de conclusão.

Orçado inicialmente em R$ 160 milhões, o projeto prevê a ampliação da capacidade da produção de lubrificantes, a implantação de uma fábrica de graxas e a construção de um armazém vertical para guardar os estoques.

O objetivo era aumentar a capacidade de produção em 70%, de 27 mil para 42 mil metros cúbicos por mês. Deveria ter sido concluído em 2012. Mas, quatro anos depois, equipamentos permanecem encaixotados.

Nesse período, a estimativa de custo quase triplicou –as últimas projeções internas falam em R$ 410 milhões, dos quais R$ 200 milhões ainda precisam ser desembolsados.

O projeto é alvo de uma comissão interna de apuração, que investiga se houve irregularidades na contratação.

Os contratos foram negociados pelo ex-diretor de operações da BR Distribuidora, José Zonis, citado na Operação Lava Jato em denúncias sobre loteamento político da empresa atendendo a interesses do senador Fernando Collor (PTB-AL).

A Folha não conseguiu contato com o ex-diretor. Em documentos enviados à Justiça, ele negou ter sido indicado pelo ex-presidente. Collor nega ingerência política na empresa.

Carlos Nogueira/A Tribuna de Santos/Folhapress
O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, concede entrevista coletiva após participa de evento sobre o pré-sal na cidade de Santos
O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, concede entrevista coletiva após evento em Santos (SP)

PERCALÇOS

Inicialmente, as linhas de produção seriam construídas pela sueca Skanska, também investigada na Lava Jato, mas o contrato foi rompido em 2012 por divergências com relação aos custos iniciais.

A montagem dos equipamentos foi transferida para a também sueca ABB, que negocia hoje a conclusão da unidade de lubrificantes.

Atualmente, o problema está nas mãos da direção da BR Distribuidora, que decide se dará continuidade ao projeto como planejado e como levantará os recursos necessários em um cenário de restrições financeiras.

A opção por descontinuar o projeto também tem custos: parte dos recursos foram captados por meio de um fundo de investimento imobiliário, que comprou os terrenos e se comprometeu com a construção do armazém em troca do pagamento de aluguel por, pelo menos, dez anos.

As novas projeções falam em início das operações entre 2018 e 2019. Há dúvidas, porém, sobre a viabilidade de prosseguir com a unidade de graxas, embora os equipamentos já tenham sido comprados e entregues.

"FUTURA INSTALAÇÃO"

A BR diz que o projeto de ampliação da fábrica está com 50% das obras concluídas, com uma das linhas de envase de produtos já em operação, e que sua conclusão "encontra-se em fase de aprovação junto à diretoria executiva e ao conselho de administração".

"Os equipamentos principais para a montagem das demais estruturas previstas encontram-se devidamente armazenados na própria unidade, de forma a manter a integridade para sua futura instalação", diz, em nota.


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