Folha de S. Paulo


Crise aumenta apetite por investimentos no exterior

Para se proteger da oscilação do dólar ou se beneficiar dela, investimentos em moeda ou ativos estrangeiros, como ações e títulos negociados fora do país, ganham apelo em momentos de turbulência.

Especialistas dizem que o interesse por aplicações no exterior cresce em momentos de volatilidade do câmbio, como o atual. E alertam: é preciso ter consciência de que estar exposto à variação cambial pode ampliar ganhos, como aconteceu no ano passado, mas também intensificar perdas.

Zanone Fraissat - 03.set.2015/Folhapress
SAO PAULO/SP BRASIL. 03/09/2015 -Movimentacao em casa de Cambio na Av Sao Luiz, apos alta do dolar.(foto: Zanone Fraissat/FOLHAPRESS, COTIDIANO)***EXCLUSIVO***
Casa de câmbio no centro da cidade de São Paulo; procura por dólar disparou na última semana

Ao optar por uma aplicação que acompanha os altos e baixos do dólar, a equação de rentabilidade ganha mais uma variável: o câmbio, considerada a mais difícil de prever. Além de fatores internos, a taxa de câmbio também é influenciada por acontecimentos externos, como a inflação e os juros nos EUA.

Mas os analistas apontam tendências. Apesar da queda recente, que provocou corrida às casas de câmbio, economistas esperam uma trajetória de alta para o dólar, terminando o ano perto de R$ 4,30.

Dólar à vista - Variação da moeda em 2016, em R$

Independentemente da alta ou baixa da moeda, diversificar os investimentos com ativos estrangeiros é sempre uma boa opção para o longo prazo, segundo especialistas.

"Você pode mitigar riscos ao escolher investimentos que têm correlação negativa. Quando países emergentes vão mal, normalmente os desenvolvidos apresentam melhor desempenho, e vice-versa", afirma Michael Viriato, coordenador do laboratório de finanças do Insper.

"O câmbio serve como um componente de proteção para qualquer portfólio", afirma José Mauro Delella, superintendente do Santander.

Qual percentual da poupança deve ser destinado a aplicações em ativos estrangeiros depende do perfil do investidor, do prazo de resgate e do objetivo do poupador.

"Investimentos atrelados ao câmbio são muito voláteis. Quem é mais conservador não deve colocar parte significativa dos recursos nessas opções", afirma Cláudio Sanches, diretor de investimentos do Itaú Unibanco. Nesse caso, especialistas recomendam, no máximo, 20%.

Há um leque amplo de produtos financeiros para quem deseja investir em ativos estrangeiros. As opções vão de fundos cambiais, que normalmente têm uma rentabilidade muito próxima à variação da moeda, a fundos de ações com gestão no exterior.

Antes de escolher, a primeira pergunta a ser respondida é o que você procura com essa reserva.

Se o objetivo é se proteger de variações bruscas da moeda, investir em fundos cambiais pode ser uma boa opção. Já se você busca diversificar os investimentos, pode escolher fundos que investem em ações e títulos de empresas e governos. Há opções que acompanham a taxa de câmbio e aplicações protegidas dessa variável.

Também deve estar claro se você pretende retirar ou deixar os recursos no Brasil. "Se o objetivo é apenas diversificar, não é necessário mandar recursos para fora. Hoje há uma oferta de produtos bastante diversificada no país", diz Marcelo Pacheco, gerente de fundos multimercado e offshore da BB DTVM.

"A evolução na legislação dos fundos de investimento ampliou as possibilidades", acrescenta Eduardo Castro, superintendente da Santander Asset Management.

Por outro lado, investir no exterior pode trazer vantagens tributárias. Mas, segundo especialistas, essa é uma opção somente para quem tem uma boa poupança. "Os custos burocráticos da operação muitas vezes podem não valer a pena", diz Viriato.


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