Folha de S. Paulo


Demanda por dólar aumenta até 300% em uma semana

"Só um minuto, por favor. Vou desligar a outra linha. Tem gente querendo fechar câmbio até as 20h", disse Fernando Bergallo, diretor da FB Capital, ao atender o telefone por volta das 18h da última quinta (10). Ele normalmente fecha as operações de câmbio na sua empresa de intermediação de recursos até 15h30.

Foi nesse ritmo que as corretoras e casas de câmbio trabalharam desde sexta-feira da semana passada (4), quando o dólar iniciou a trajetória de queda livre até os R$ 3,59 da última sexta (11).

Segundo Bergallo, a demanda para remessas financeiras subiu mais de 300% na empresa em que trabalha desde a ação da Polícia Federal na casa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no âmbito da Operação Lava Jato.

A procura por dólares também disparou nas casas que trabalham com câmbio turismo. "Em número de pedidos e em valor das operações, houve um aumento de quase 300% desde aquela sexta-feira", disse Alexandre Fialho, diretor da distribuidora de câmbio turismo da Cotação.

No dia em que Lula foi levado para depor, a euforia foi tanta que chegou a faltar dólares em algumas corretoras e casas de câmbio.

"Não conseguimos atender toda a demanda, mas foi algo pontual. Agora restabelecemos os nossos estoques", afirma Tarcísio Joaquim, diretor de câmbio do Banco Paulista, que importa papel moeda e distribui entre várias instituições financeiras.

Segundo ele, desde o início da trajetória de queda do dólar, a procura por moeda no banco subiu mais de 70%. "Mas ainda não voltamos aos níveis normais", diz, referindo-se ao padrão anterior da desvalorização cambial iniciada no ano passado.

"Muitos clientes estavam com a demanda reprimida. Nos últimos dez meses, o brasileiro perdeu capacidade financeira. Agora, ele ao menos volta a pensar em viajar", diz Fabiano Rufato, especialista em câmbio da Western Union, onde a demanda por compra de moeda estrangeira cresceu acima de dois dígitos na semana passada.


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