Folha de S. Paulo


Dólar comercial tem menor nível em 3 meses; Bolsa cai com China e petróleo

O mercado de câmbio doméstico mais uma vez se descolou do exterior nesta terça-feira (8), mesmo com os dados ruins da balança comercial chinesa e o recuo nos preços do petróleo. O dólar comercial atingiu o menor nível em três meses, e os juros futuros também caíram, com os investidores de olho nos desdobramentos da Operação Lava Jato. O Ibovespa fechou em queda, pressionado principalmente pelas ações da Vale e de siderúrgicas.

As expectativas em torno de uma possível saída de Dilma Rousseff do governo, que aumentaram desde a semana passada, estimularam as vendas de dólares. O real teve a maior valorização entre as moedas de países emergentes —a maior parte delas caiu nesta sessão. A moeda americana à vista fechou em queda de 0,52%, a R$ 3,7666, e o o dólar comercial perdeu 1,47%, a R$ 3,7400— o menor patamar desde 4 de dezembro de 2015.

DÓLAR COMERCIAL FECHA NO MENOR PATAMAR EM TRÊS MESES - Dólar comercial, em R$

O movimento foi estimulado pela notícia de que o empresário Marcelo Odebrecht foi condenado pelo juiz Sergio Moro a 19 anos e 4 meses de prisão pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e por integrar organização criminosa. O empresário já liberou executivos da empresa a negociarem acordo de delação premiada com a Justiça e estuda fazer ele mesmo acordo de colaboração.

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"São as possíveis novas delações premiadas no âmbito da Lava Jato e as expectativas de que os protestos do próximo domingo (13) a favor do impeachment da presidente serão grandes que animam os investidores", diz um profissional.

O otimismo de investidores também influenciou o mercado de juros futuros: o contrato de DI para janeiro de 2017 recuou de 14,125% na véspera para 14,050%; o DI para janeiro de 2021 caiu de 14,890% para 14,640%.

BOLSA

O Ibovespa fechou em baixa de 0,29%, aos 49.102,13 pontos. O giro financeiro, como tem acontecido desde a semana passada, foi forte, de R$ 11,469 bilhões.

O índice foi pressionado pelos números negativos da balança comercial chinesa e pela queda do petróleo.

As exportações chinesas caíram 25,4% em fevereiro ante o mesmo mês do ano passado, enquanto as importações encolheram 13,8%, no 16º mês de queda.

Na Bolsa paulista, os dados chineses impactaram principalmente os papéis da mineradora Vale e siderúrgicas, que tiveram altas expressivas na véspera com o avanço do preço do minério. Vale PNA caiu 12,05%, a R$ 11,24; Vale ON perdeu 14,50%, a R$ 15,03. Entre as siderúrgicas, CSN ON recuou 13,60%, Gerdau PN, -2,62% e Usiminas PNA, -6,16%.

Os preços do petróleo caíam nesta sessão. Em Londres, o Brent –que atingiu a máxima do ano nesta segunda-feira (7), acima dos US$ 40 o barril— recuava 3,43%, para US$ 39,44. Nos EUA, o WTI perdia 4,41%, a US$ 36,23.

As ações da Petrobras, no entanto, fecharam em direções opostas: as preferenciais ganharam 1,35%, a R$ 7,47, e as ordinárias perderam 2,62%, a R$ 9,65.

Foi o setor financeiro que limitou a queda do índice: as ações ordinárias do Banco do Brasil lideraram o ranking de altas, com +10,89%; BB Seguridade ON, +5,19%; Itaú Unibanco PN, +2,24%; Bradesco PN, +0,49%; Bradesco ON, +1,26%; BM&FBovespa ON, +0,57%.

Segundo operadores, os papéis do Banco do Brasil dispararam por se tratar de empresa estatal, em meio às apostas de uma eventual troca de comando do país. "O mesmo só não ocorreu com Petrobras por causa da baixa do petróleo", diz.

Nos EUA, os índices acionários fecharam em queda, em função dos dados da China e do petróleo: Dow Jones (-0,64%); S&P 500 (-1,12%); e Nasdaq, -1,26%.

As Bolsas europeias também encerraram o pregão no terreno negativo: Londres (-0,92%); Paris (-0,86%); Frankfurt (-0,88%); Madri (-0,53%); e Milão (-0,23%).

Na Ásia, as Bolsas chinesas reverteram as perdas iniciais e subiram pela sexta sessão seguida nesta terça-feira.


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