Folha de S. Paulo


Minério de ferro dispara e preço do petróleo ultrapassa US$ 40

23.jun.2010/AFP
Mina de minério de ferro da gigante anglo-australiana de mineração BHP Billiton, na Austrália
Mina de minério de ferro da gigante anglo-australiana de mineração BHP Billiton, na Austrália

Influenciados por uma melhora do humor dos investidores em relação à China, os preços do minério de ferro e do petróleo dispararam nesta segunda-feira (7).

A tonelada de minério para entrega na China atingiu US$ 63,74, após subir 19% no dia. Em 2016, a principal matéria-prima para a produção de aço acumula alta de 46%.

O petróleo tipo Brent, referência no mercado internacional, subiu 5,2% e fechou acima de US$ 40 pela primeira vez desde 9 de dezembro.

O barril já subiu 50% desde meados de janeiro, quando estava abaixo de US$ 30.

Petróleo tem alta puxada pela demanda chinesa - Preço do petróleo tipo Brent, em US$

Os preços das matérias-primas beneficiaram as ações da Petrobras e da Vale na Bolsa. Os papéis preferenciais da mineradora subiram 9% e os da petroleira avançaram 2%.

Os mercados de commodities foram influenciados pela decisão da China de priorizar o crescimento do PIB a reestruturar sua economia, que apontava para um modelo mais voltado ao consumo doméstico do que para investimentos em infraestrutura.

Junto com a meta de crescimento entre 6,5% e 7%, anunciada no final de semana, o primeiro-ministro Li Keqiang destacou a necessidade de expandir os principais projetos de infraestrutura e disse que vai resolver o excesso de capacidade nas indústrias de aço e de carvão.

O anúncio alimentou expectativas de aumento na produção das siderúrgicas chinesas, estimulando a demanda por minério de ferro.

"As expectativas em relação à economia chinesa melhoraram em comparação com o início do ano, o que diminuiu a aversão ao risco por parte dos investidores", diz Walter De Vitto, economista da consultoria Tendências.

Além da percepção de que a desaceleração chinesa será mais suave, o mercado reflete também a expectativa de que o Federal Reserve (o BC dos EUA) vai demorar mais para subir os juros, movimento que incentiva os investimentos em commodities.

CAUTELA

De Vitto, especialista em petróleo, lembra que este ano deve ser marcado por volatilidade, o que pede cautela.

Ele não acredita, por exemplo, na confirmação do acordo entre países da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) para congelar a produção de óleo. Essa expectativa ajudou a interromper a queda livre nos preços da matéria-prima.

AÇO MAIS CARO - Preço da tonelada de minério de ferro no porto de Qingdao, na China, em US$

"Acho muito difícil que os países fechem um acordo tão amarrado. O mercado vai continuar se ajustando independente da decisão da Opep, especialmente com a redução na produção dos EUA." Ele lembra que, se o barril voltar à casa dos US$ 50, projetos de óleo de xisto nos EUA voltam a ser viáveis, o que não interessa à Opep.

Quanto ao minério de ferro, os analistas do banco Goldman Sachs avaliam em relatório que o rali será temporário. O aumento da demanda pelas siderúrgicas, que estão repondo estoques, não será duradouro, enquanto a oferta, em queda no início do ano por fatores sazonais, começa a se recuperar.


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