Folha de S. Paulo


Acionistas rejeitam recuperação judicial da Sete Brasil

A maioria dos acionistas da Sete Brasil voltou atrás e rejeitou nesta sexta-feira (26) a proposta de levar a empresa à recuperação judicial. A Sete foi criada para alugar sondas de perfuração à Petrobras e está prestes a quebrar porque não consegue chegar a um acordo com a estatal.

Os sócios decidiram esperar mais dez dias antes de discutir novamente se a empresa pede recuperação. Enquanto isso, preparam uma contraproposta à Petrobras, que retomou as negociações na semana passada depois de constantes ameaças da Sete de pedir recuperação judicial.

A estatal propôs contratar dez sondas por cinco anos (renováveis por mais cinco) a preço de mercado, cerca de US$ 300 mil por dia.

Quando o projeto foi apresentado pelo governo e pela Petrobras aos investidores, no final de 2010, seriam 28 sondas alugadas por 15 anos por cerca de US$ 400 mil por dia. Embarcando nessa promessa, os sócios investiram R$ 8,2 bilhões e tomaram R$ 17 bilhões em empréstimos.

De lá pra cá, o Brasil mergulhou em uma recessão, o preço do petróleo desabou e tanto a Petrobras quanto a Sete foram envolvidas nas investigações de corrupção da Operação Lava Jato.

Diante do novo cenário, a Petrobras resolveu cortar a menos da metade a versão original da Sete Brasil.

Depois da mais recente proposta da estatal, os acionistas da Sete fizeram as contas e chegaram à conclusão de que o retorno do projeto não garante nem o pagamento dos empréstimos que tomaram para viabilizar a empresa.

VIRA-CASACA

Até o mês passado, a maior parte dos acionistas defendia a recuperação judicial como único caminho para trazer a Petrobras de volta à mesa de negociação.

Tanto é que a primeira tentativa de votar a recuperação, em janeiro, foi vetada por apenas 2 dos 11 acionistas –o fundo de pensão Petros (da Petrobras) e o Santander.

Na tentativa seguinte, os bancos credores (alguns são sócios) pressionaram os acionistas a desistir da recuperação para que pudessem receber parte das garantias pelos empréstimos.

Os sócios concordaram e os credores sacaram R$ 4,2 bilhões do FGCN (Fundo de Garantia para a Construção Naval).

Em seguida, os sócios marcaram uma nova reunião para discutir o assunto. Foi cancelada porque, horas antes, a Petrobras entregou uma proposta.

O tema voltou na reunião desta sexta. Quatro sócios foram contrários à recuperação, cinco favoráveis e dois se abstiveram por conflito de interesse. Um deles foi o FI-FGTS, fundo administrado pela Caixa, que também é credora da Sete; e outro, a Petrobras, sócia e único cliente.


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