Folha de S. Paulo


Petrobras não fecha patrocínio e deixa Olímpiada do Rio sem gasolina

A crise na Petrobras levou a Olimpíada do Rio a ser a primeira neste século –incluindo as de inverno– a não contar com o patrocínio de uma gigante nacional do petróleo para sua realização.

O apoio, considerado natural no início da organização dos Jogos, em 2009, não se concretizou. Buscando vender ativos e cortar gastos, a estatal decidiu não integrar o rol de patrocinadores locais.

A decisão deixou a Rio-16 sem patrocínio do setor de óleo e gás. Nos planos do comitê, esse seria um apoio de nível 1, o maior entre os locais –abaixo apenas dos parceiros globais do COI (Comitê Olímpico Internacional).

O comitê organizador não divulga valores de nenhum acordo. Mas os Correios pagarão R$ 300 milhões à Rio-16 pela cota de patrocinador de nível 1. Valores semelhantes eram esperados da Petrobras.

Assim como tem feito com outros patrocinadores, parte da cota seria obtida com produtos. O comitê precisa de combustível, com custo estimado de R$ 60 milhões, para abastecer a frota de serviço nos Jogos –fornecida pela Nissan, também patrocinadora. Por enquanto, a entidade terá de arcar com as despesas.

A menos de seis meses da Olimpíada, o patrocínio de óleo e gás pode ser dividido e "rebaixado" ao terceiro nível, o dos fornecedores –que basicamente oferecem produtos em troca de limitado uso da marca da Rio-16.

Em breve será anunciado um fornecedor de gás para a pira olímpica. O comitê tenta a mesma solução para obter gasolina para sua frota.

A decisão contraria o apoio dado por outras empresas do setor às Olimpíadas de verão e inverno neste século. Texaco (Salt Lake City-02), PetroChina (Pequim-08), BP (Londres-12) e Rosneft (Socchi-14) patrocinaram os eventos em seus países.

META ATINGIDA

Torino-06 não contou com o apoio da Eni. Atenas-04 também não teve patrocínio do setor, mas as empresas gregas de petróleo não estão entre as gigantes mundiais.
meta atingida

A Rio-16 não comenta as negociações travadas com a Petrobras –foram dois anos de conversas, sem sucesso.

A previsão é que a receita com apoios locais chegue a R$ 3 bilhões, quase metade do orçamento de R$ 7,4 bilhões da organização dos Jogos. O diretor-executivo comercial, Renato Ciuchini, diz que 97% do total esperado está assinado.

Segundo a Folha apurou, as negociações com estatais se arrastaram por mais tempo do que com empresas privadas. Enquanto cinco patrocinadores foram fechados até 2012, os Correios só assinaram em 2014 –completando os seis, ao lado de Nissan, Claro, Embratel, Bradesco e Bradesco Seguros.

As negociações com a Petrobras também se arrastavam havia anos, até que a eclosão da crise da Lava Jato esfriaram-nas. A Petrobras estima cortar um terço do gasto de publicidade neste ano.

Para não ficar totalmente fora dos Jogos, a estatal optou por patrocinar atletas de 15 modalidades, num investimento de R$ 19,8 milhões.


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