Folha de S. Paulo


Proposta dá a governo decisão sobre Petrobras operar pré-sal sozinha

Um grupo de senadores trabalha para aprovar o projeto que permite à Petrobras deixar de ser a operadora única do pré-sal nos próximos leilões, desde que o governo tenha poder para decidir sobre a participação da estatal.

A proposta vem sendo capitaneada pelo senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), em uma alteração ao texto original de José Serra (PSDB-SP).

A mudança cria a possibilidade do CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) decidir, caso a caso, se a Petrobras participará ou não dos projetos. O conselho é chefiado pelo ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, e conta com a participação de outros oito ministérios, incluindo a Fazenda.

AMARRAS ATUAIS

Atualmente, para qualquer campo do pré-sal ser explorado, a estatal precisa participar, com um mínimo de 30%. Com a situação frágil do caixa da empresa, há o risco de que essa regra inviabilize investimentos para exploração nos próximos anos.

A proposta de Ferraço agrada ao autor do projeto, Serra, e a uma parte da base aliada da presidente Dilma.

Existe a esperança de que essa mudança amoleça a posição refratária de alguns senadores petistas, coordenada por Lindberg Farias (RJ).

No projeto de Serra, a decisão sobre a participação da Petrobras ficaria nas mãos da própria estatal, condição exigida por Dilma para não lutar contra sua aprovação.

Segundo o senador tucano, não há grandes diferenças entre a proposta de Ferraço e a sua, desde que seja retirada a obrigatoriedade.

Na segunda (15), o ministro Eduardo Braga afirmou que o governo defenderia a manutenção da lei atual, contradizendo o comentário feito por Dilma em reunião com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), conforme a Folha revelou.

A presidente concordara com o projeto que permite à Petrobras abrir mão de ser a operadora única do pré-sal, desde que a medida não seja o início de mudanças mais profundas nas atuais regras de partilha de produção.

CONTEÚDO NACIONAL

O governo não abre mão da partilha dos royalties e do índice mínimo de conteúdo local nos projetos.

"Vamos deliberar o mais rapidamente possível. É uma matéria de interesse nacional e nós precisamos resguardar o interesse estratégico do Brasil, mas é preciso acabar com a obrigatoriedade dos 30%", disse Renan após se reunir com líderes partidários.

O senador Lindbergh protestou contra a decisão de Renan de colocar o projeto na pauta de votação. Para o petista, o projeto não deveria ser discutido pelo Senado no momento em que o barril de petróleo é vendido a preços baixos em todo o mundo –atualmente, o barril está sendo negociado próximo a US$ 30.


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