Folha de S. Paulo


Após Justiça decretar falência da Dako, trabalhadores ocupam fábricas em SP

Ao menos mil trabalhadores ocupam desde a manhã desta segunda-feira (15) as fábricas da Mabe no interior de São Paulo. Localizadas em Campinas e Hortolândia, as unidades produzem geladeiras e fogões das marcas Dako e Continental.

A ocupação foi decidida em assembleia pelos trabalhadores e o sindicato dos metalúrgicos da região após a Justiça de São Paulo decretar, na semana passada, a falência da empresa multinacional, com sede no México, no Brasil.

Durante à tarde, foram feitos três disparos de arma de fogo pela equipe de segurança no local após uma confusão com funcionários que ocupam a fábrica. Segundo a massa falida, um dos quatro seguranças foi afastado e a arma foi apreendida pela Polícia Militar. Ninguém ficou ferido. Até as 19h30, os trabalhadores permaneciam dentro da empresa.

Todos os cerca de 1.900 trabalhadores estão sem receber os salários e o 13º desde dezembro, mesmo com os contratos em vigor. Cerca de 400 já foram demitidos, mas ainda não receberam as rescisões a quem têm direito.

Mesmo com todos os incentivos do governo federal, como a redução no IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e o financiamento de eletrodomésticos, a empresa alegou insuficiência para honrar os contratos.

A massa falida está sendo administrada pela Capital Administradora Judicial. Por meio de nota, a empresa informou que a intenção é abrir uma nova empresa e retomar a produção para, assim, pagar as dívidas e os trabalhadores.

As dívidas da multinacional no Brasil somam ao menos R$ 24 milhões. Em 2013, a Mabe chegou a pedir recuperação judicial, mas o plano não deu certo e em dezembro último foi solicitado à Justiça o decreto de falência.

A direção do sindicato dos metalúrgicos de Campinas e região diz que os direitos trabalhistas estão sendo descumpridos. Antes da falência, a Procuradoria do Trabalho tentou um acordo com a Mabe, mas sem sucesso.

Na nota, o administrador da massa falida informou ainda que todos os trabalhadores poderão assinar as demissões e assim acessar o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) e o seguro-desemprego.

Nenhum representante da Mabe no Brasil foi encontrado nesta segunda para falar sobre o assunto. A produção nas duas fábricas da empresa está parada desde o dia 18 de dezembro passado.


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