Folha de S. Paulo


Número de interessados em virar taxista cresce 13% em São Paulo

Eduardo Anizelli/Folhapress
SAO PAULO, SP, BRASIL, 22-01-2016, 20h30: Retrato da personagem Cibele Marcondes Conrado, 36, que e publicitaria e foi propagandista de laboratorio farmaceutico por 17 anos. Apos ser demitida do emprego, decidiu se tornar taxista, ha oito meses. A materia aborda pessoas que decidiram se tornar taxistas recentemente, em meio a crise economica. (Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress, MERCADO) ***EXCLUSIVO***
A publicitária Cibele Conrado, 36, que se tornou taxista em São Paulo

Às segundas pela manhã, Cibele Conrado conduz a biomédica Aline Pacheco a um dos aeroportos da Grande São Paulo —ora o de Guarulhos, ora o de Congonhas.

Às sextas-feiras, vai buscá-la na volta da viagem e a leva para casa.

Formada em publicidade, Cibele, 36, foi por 17 anos propagandista de laboratório farmacêutico. Há oito meses, é motorista.

Faz parte das 6.510 pessoas que, no ano passado, obtiveram o cadastro para dirigir um táxi na cidade.

A procura pela profissão de motorista cresceu 13%, segundo o Departamento de Transportes Públicos da Secretaria Municipal de Transportes, impulsionada pelo aumento do desemprego —o mesmo motivo que levou Cibele às ruas.

Das ruas ela não pretende mais sair, mesmo que houvesse vagas na antiga profissão. "Com o táxi, consegui duplicar minha renda e consigo ter qualidade de vida: posso folgar duas vezes por semana."

"Só pego o táxi dela", diz Aline, 26, que mora na Mooca (zona leste de SP), onde fica o ponto de táxi de Cibele.

Além de possuir o Condutax (cadastro de taxista), o motorista precisa de um veículo com alvará para circular como táxi. Como a prefeitura não emite novas autorizações, a opção é recorrer às frotas, pagando uma diária que gira em torno de R$ 150.

FILA DE ESPERA

Ainda que serviços como o Uber estejam atraindo antigos taxistas, há fila de espera de 230 interessados na Táxi Belém, segundo o gerente José Luis dos Anjos. "Somente agora em janeiro vieram 30 pessoas preencher ficha."

"Tem muita gente que não é do ramo, mas, por causa do desemprego, está buscando o táxi. Tem até advogado."

No entanto, afirma o gerente, será difícil atender essas pessoas, já que os 81 carros da empresa estão ocupados e há pouca desistência.

A Adetax (associação das empresas do setor) diz que, em 2015, houve aumento de 20% na procura para trabalhar em frotas em relação ao ano anterior.

No caso de Cibele, porém, não foi necessário recorrer a uma empresa de frota, já que seu pai é taxista.

"Uso o táxi dele à noite e de madrugada, quando ele não está trabalhando", afirma a ex-propagandista.

FLEXIBILIDADE

O desemprego não é a única causa para a procura pelo trabalho de taxista. Leonardo Uekane Neves, 34, que trabalha na empresa de frota Táxi Jowal, foi por oito anos vendedor de móveis planejados. No ano passado, resolveu tirar o Condutax.

"Estava cansado de trabalhar em loja, e com táxi os horários são mais flexíveis." Segundo Neves, mesmo tendo de pagar diária para dirigir táxi, sua renda compensa.

Leonardo Afonso, 33, deixou o emprego de analista de suporte de informática também em busca de horários mais flexíveis.

Há cerca de dois meses, virou taxista na Jowal. "Assim posso cuidar dos meus filhos pequenos enquanto minha mulher trabalha."

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PLANETA TÁXI
Os números em SP

Existem na cidade de São Paulo:

> 33.968 alvarás de táxi ativos, no total

> 30.477 alvarás de titularidade de pessoas físicas

> 3.491 alvarás vinculados a empresas de frota

> 82.773 taxistas com o cadastro Condutax ativo

> 6.510 cadastros Condutax emitidos durante o ano de 2015

> 59 empresas de táxi

Obs.: dados de dezembro/2015
Fonte: DTP (Departamento de Transportes Públicos da Secretaria Municipal de Transportes)


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