Folha de S. Paulo


Banco central da Suécia deixa juros ainda mais negativos

O banco central da Suécia, que já tinha taxas de juros negativos, fez um novo corte de 15 pontos básicos, para 0,5% negativo. O principal motivo é a inflação, que está abaixo de 1%, enquanto a meta do banco é elevá-la para 2%.

A baixa inflação tem levado bancos centrais de vários países e regiões do mundo a adotar juros negativos –que, na prática, têm o objetivo de estimular que o dinheiro circule na economia, em vez de ficar depositado em instituições financeiras.

CRESCIMENTO FORTE

A Suécia, no entanto, ocupa posição incomum, por ter crescimento econômico forte. O banco central prevê crescimento de 3,5% no PIB este ano, perto dos 3,7% de 2015.

Mas a inflação anualizada foi de apenas 0,1% em dezembro, e a taxa de inflação básica, o indicador mais acompanhado pelo Riksbank (o BC sueco), foi de 0,9%.

O Riksbank foi criticado por outros países por ter sido um dos primeiros a elevar os juros depois da crise financeira mundial e, depois, por se tornar o primeiro banco central do mundo a tornar negativa sua taxa de redesconto –em lugar de reduzir a taxa de depósito, como o BCE, ou a taxa aplicada às novas reservas bancárias, como no Japão.

DECISÃO CONTROVERSA

A decisão mais recente do BC sueco não foi unânime: 2 dos 6 integrantes do comitê executivo defenderam a manutenção da taxa.

O Riksbank argumentou que a fraqueza recente na inflação sueca, combinada à incerteza econômica mundial, tornava necessário o corte nos juros.

A decisão foi acelerada pelo temor de que a moeda sueca, a coroa, se valorize acima do previsto, o que tenderia a reduzir ainda mais a inflação.

O Riksbank vem se pronunciando abertamente sobre seu desejo de manter a coroa fraca em relação ao dólar, para evitar a perda de competitividade de seus produtos no mercado internacional.

O banco central no começo do ano delegou autoridade ao seu presidente e a um de seus vices para que intervenham nos mercados cambiais a qualquer hora, decisão que causou alguma preocupação aos políticos de Estocolmo e rejeição da parte de outro dos vice-presidentes do banco central.

SAÚDE DOS BANCOS

O novo corte da taxa de juros foi criticado por analistas. James Pomeroy, economista do banco HSBC, disse que "dado o crescimento econômico e o mercado florescente de habitação, a decisão só servirá para provocar ainda mais questões sobre a estabilidade financeira".

Economistas têm expressado preocupação com o efeito das taxas básicas negativas sobre a lucratividade dos bancos comerciais, já que muitos vêm relutando em transferir aos clientes o custo dos juros negativos.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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