Folha de S. Paulo


Bolsas globais recuam pelo 5º dia por preocupação com economia e bancos

Lideradas pelo Japão, as Bolsas globais afundaram pelo quinto pregão consecutivo, em um movimento que não ocorria desde o início deste ano, com investidores correndo para aplicações financeiras consideradas de maior segurança, como títulos de governo.

A principal queda desta terça-feira (9) ocorreu na Bolsa de Tóquio (5,4%), ainda reflexo dos acontecimentos do dia anterior, quando os mercados americano e europeu tiveram forte baixa devido às preocupações com os
resultados dos grandes bancos.

Na Europa, as baixas persistiram, com as principais Bolsas recuando ao menos 1% (veja quadro acima).

Os mercados americanos tiveram um dia volátil e recuaram em torno de 0,1%.

No Brasil, a Bolsa não funcionou devido ao feriado de Carnaval. As operações serão reabertas nesta quarta (10).

Especialistas dizem que não há um motivo específico para o atual movimento, mas sim uma série de acontecimentos que estão pesando nos mercados desde o início deste ano. As Bolsas mundiais já perderam
aproximadamente US$ 8 trilhões (mais de quatro PIBs do Brasil em 2015) neste ano, ou 12% do seu valor de mercado.

Nesta conta, entram a desaceleração da economia chinesa, o declínio do preço de commodities como o petróleo (leia texto abaixo), a piora do cenário para o PIB global e as preocupações com os ganhos dos bancos.

O risco para o setor financeiro vem da sinalização de que políticas de afrouxamento monetário -como a adoção de taxa juros negativa pelo Japão na última semana de janeiro- poderão ganhar força, com reflexo
negativo sobre as margens dos bancos.

O BCE (banco central dos países da zona do euro) também já adota uma política de juros negativos e sinalizou que vai adotar novas medidas de estímulo a partir do mês que vem.

Já o BC dos EUA, que, por sete anos, manteve os juros praticamente zerados, começou a subir a taxa no fim do ano passado, mas pode interromper esse processo de alta exatamente devido às preocupações com a
economia global e com as turbulências no mercado financeiro.

BUSCA POR SEGURANÇA

Essas incertezas sobre o cenário global aumentaram a procura de investidores por aplicações consideradas de baixo risco.

A consequência dessa corrida é que, pela primeira vez, o retorno pago pelos títulos de dez anos do governo japonês ficou negativo -quanto maior a procura pelo papel, o seu preço sobe e o retorno fica menor.

O retorno pago pelos títulos do governo americano de dez anos também recuou nesta terça e atingiu o menor patamar em um ano.

Um outro efeito dessas preocupações é que os investidores aumentaram a procura por CDS (uma espécie de seguro contra calotes) de títulos de bancos.

No caso do Deutsche Bank, por exemplo, a pontuação dos CDS atingiu seu maior valor histórico, superando até mesmo os patamares obtidos na crise de 2008.

O banco alemão passou a ser alvo de muitas dúvidas após divulgar no fim de janeiro que teve prejuízo de € 2,1 bilhões no quarto trimestre do ano passado.


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