Folha de S. Paulo


Grupo canadense retira oferta para comprar parte da OAS na Invepar

Apu Gomes/Folhapress
Prédio em construção da OAS Em São Paulo
Prédio em construção da OAS em São Paulo; gestora canadense retirou formalmente a oferta

A gestora canadense Brookfield retirou formalmente a oferta de R$ 1,35 bilhão pelos 24,4% da OAS na Invepar, concessionária do aeroporto de Guarulhos.

Segundo a Brookfield, não foi possível chegar a um consenso com os fundos de pensão - Previ, Petros e Funcef - sobre um novo acordo de acionistas. A OAS confirmou a retirada da oferta.

A Folha apurou que a Brookfield não abria mão de ter mais poder na gestão, mesmo que tivesse 25% do negócio e os fundos 75%.

Os canadenses queriam que o seu voto no conselho tivesse o mesmo peso que os 3 fundos unidos. A Previ estava de acordo, mas a Funcef foi contra.

No fim do ano passado, a Brookfield havia se comprometido a fazer uma oferta vinculante no leilão do ativo, que será promovido pela OAS em meados de março.

Mas a oferta estava condicionada a uma negociação do acordo de acionistas. Se não aparecerem compradores no leilão, a situação da OAS pode se complicar ainda mais, porque a Invepar é considerada o seu melhor ativo.

Envolvida no escândalo da Lava Jato, a OAS está em recuperação judicial. A oferta da Brookfield havia sido feita na assembleia do plano de recuperação do grupo e foi crucial para sua aprovação.

Segundo executivos envolvidos, a Brookfield parece ter desistido de comprar a fatia da OAS na Invepar, mas o martelo ainda não foi batido.

A Folha apurou que a Invepar colocou ativos à venda, como uma concessão no Peru e outras no Rio de Janeiro, para tentar resolver sua situação financeira. A Brookfield avalia adquirir diretamente os ativos.

CRISE NA INVEPAR

A substituição da OAS por um novo sócio era muito importante equacionar a situação da Invepar, cujo caixa pode ser insuficiente para pagar as dívidas de curto prazo.

Em novembro do ano passado, a empresa foi resgatada pelos fundos de pensão que colocaram mais R$ 1 bilhão por meio da compra de debêntures (títulos de dívidas).

A própria Brookfield adquiriu R$ 500 milhões desses papeis, enquanto os bancos credores entraram com outros R$ 500 milhões. O dinheiro foi utilizado para pagar ou rolar dívidas.

A Invepar é um problema para os fundos de pensão, que contabilizam sua participação de 25% da empresa por R$ 2,8 bilhões.

Alguns fundos estudam admitir um prejuízo de 20%, baixando o valor para R$ 2,24 bilhões - mesmo assim, acima dos R$ 1,35 bilhão que a Brookfield se dispôs a pagar por igual fatia da empresa.

-

  • RAIO-X INVEPAR

Quem é?

Empresa formada pela OAS e pelos fundos de pensão Previ (Banco do Brasil), Funcef (Caixa), Petros (Petrobras)

Onde atua?

Em concessões de segmento de infraestrutura em transportes

Alguns negócios:

Participação na concessionária do aeroporto de Guarulhos, Linha Amarela, Metrô Rio, Rodovias Raposo Tavares e BR-040

Principais concorrentes:

Odebrecht TransPort e CCR

Por que está em crise?

A Invepar se endividou para vencer os leilões das concessões e contava com uma oferta de ações para levantar R$ 3 bilhões e pagar os compromissos. Com a crise, não conseguiu acessar o mercado de capitais

Números da empresa:

R$ 1,066 bilhão foi o prejuízo da companhia de janeiro a setembro de 2015

R$ 3,83 bilhões foi a receita da Invepar no período


Endereço da página:

Links no texto: