Folha de S. Paulo


Cade diz ser necessário analisar com cuidado compra do HSBC por Bradesco

Alastair Grant/Associated Press
Fachada de edifício do HSBC, em Londres; Operação brasileira do banco foi comprada pelo Bradesco
Fachada de edifício do HSBC, em Londres; Operação brasileira do banco foi comprada pelo Bradesco

O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) declarou como complexo o ato de concentração gerado pela compra do HSBC Brasil pelo Bradesco, apontando a necessidade de se analisar "de forma cuidadosa" eventual tendência de aumento de preços para os consumidores por conta do negócio.

O órgão de defesa da concorrência disse que é necessário realizar novas diligências para aprofundar a análise do caso. Além disso, disse ser preciso dar aos bancos a possibilidade de apresentar as eficiências decorrentes da união, que poderiam contrabalançar a concentração de mercado por ela gerada.

"A instrução realizada até o momento pela Superintendência-Geral apontou que a operação eleva o nível de concentração bancária, gerando a necessidade de se analisar, de forma cuidadosa, a eventual propensão a aumentos de preços para os consumidores na oferta de produtos e serviços financeiros e não financeiros", afirma nota técnica do Cade.

Foi solicitada a departamento do Cade a elaboração de estudo quantitativo sobre os impactos concorrenciais da operação, enquanto os bancos e concorrentes deverão apresentar mais informações sobre o negócio e o mercado.

A compra do HSBC Brasil pelo Bradesco foi aprovada no início do mês pelo Banco Central.

O negócio foi anunciado em agosto do ano passado por US$ 5,2 bilhões. O maior interesse do Bradesco está na clientela de alta renda do HSBC, que era a sexta maior instituição financeira do país em ativos. O banco tinha cerca de 10 milhões de clientes, uma rede de 853 agências e receitas da ordem de R$ 10,6 bilhões.

O HSBC planeja manter uma pequena presença no Brasil para atender clientes corporativos.

O negócio foi concretizado após o HSBC ter anunciado uma reestruturação global, que incluía a venda de suas filiais brasileira e turca, para reduzir custos em US$ 5 bilhões e enxugar 25 mil vagas, número que representa cerca de 10% de seus funcionários.

O plano faz parte de uma estratégia do HSBC para recuperar a rentabilidade e superar as perdas ocasionadas pelo escândalo conhecido como Swissleaks, em que é acusado de ajudar clientes de alta renda a sonegar imposto e ocultar recursos depositados em contas na Suíça.


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