Folha de S. Paulo


Empresários e sindicalistas elogiam 'posição mais humilde' de Dilma

Empresários e sindicalistas elogiaram a "posição mais humilde e aberta ao diálogo" da presidente Dilma na reunião do Conselhão, mas disseram que, agora, é hora de agir para o país sair da recessão.

"A presidente mostrou-se aberta ao diálogo, lançou medidas importantes. Agora é hora de juntos sairmos da recessão, nosso maior problema neste momento", afirmou o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco.

Na mesma linha, Benjamin Steinbruch (CSN) também elogiou o discurso de Dilma Rousseff. "Ela mostrou uma disposição para o diálogo, para atuarmos em conjunto, agora é irmos para a ação."

Presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil), José Carlos Martins disse que a presidente adotou um estilo "humilde e de diálogo", mas cobrou uma reação do governo para o país voltar a crescer. "Esperamos agora que o governo consiga principalmente aprovar reformas no Congresso para recuperarmos a confiança", afirmou.

Críticas ontem ficaram restritas à medida que permite usar 10% do saldo do FGTS e a multa rescisória como garantia para crédito consignado de trabalhadores do setor privado.

Presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores), Ricardo Patah, disse não "ser adequado pegar dinheiro do FGTS para esse objetivo, o ideal seria liberar compulsório para aumentar o crédito da pessoa física".

José Carlos Martins, da CBIC, disse que a medida vai estimular os trabalhadores a acertarem com seus patrões "demissões só para pagar suas dívidas e continuar trabalhando na informalidade".

PREOCUPAÇÃO

Uma das principais preocupações da presidente Dilma ao entrar no Salão Oeste do Palácio do Planalto, às 14h40 desta quinta-feira (28), era não passar a ideia de que o governo está "desesperado" frente à crise.

Segundo a Folha apurou, a ordem que a presidente deu a seus ministros foi "apontar metas e diretrizes" e "pedir contribuições", mas jamais dar a impressão de que o governo está "perdido" para encontrar saídas para a crise política e econômica do país.

O objetivo era deixar claro que a presidente "sabe aonde quer chegar", mas quer ajuda para "construir consensos" -expressão utilizada inclusive no discurso de cerca de meia hora que Dilma fez no encerramento da reunião.

Participantes relataram à Folha que, durante as duas horas e meia do encontro fechado, os oito conselheiros que discursaram (quatro do setor empresarial e quatro representantes dos trabalhadores) não fizeram críticas incisivas ao governo federal.

Um dos escolhidos pelo Planalto para falar, o presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vagner Freitas, preferiu deixar as críticas mais duras para quando saiu da reunião, antes mesmo de o encontro terminar.

O dirigente sindical disse à Folha que não concordava com a iniciativa do ministro Nelson Barbosa (Fazenda) de apresentar a reforma da Previdência como um dos pontos de debate entre os 92 integrantes do conselho.

"O governo tem que decidir o que quer fazer", disse Freitas. Para ele, a reforma deve ser discutida no fórum criado pelo Planalto no ano passado justamente para debater com as entidades e os representantes sindicais propostas para as mudanças.

"No fórum há posições de classe. No Conselhão, estamos como representantes da sociedade civil", completou.

(MARINA DIAS, FLÁVIA FOREQUE, ISABEL VERSIANI, SOFIA FERNANDES E VALDO CRUZ)


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