Embalados pelo dólar alto, que encareceu viagens ao exterior, e pelo desejo dos pais de verem seus filhos desconectados de aparelhos eletrônicos, os acampamentos de férias comemoram alta lotação nesta temporada.
"Por aqui, a crise não passou", conta Solange Pizzo, 47, do English Camp, que une atividades de lazer a aulas de inglês em Itapetininga, interior de São Paulo.
A colônia, com diárias entre R$ 130 e R$ 200, tem ocupação total neste verão - cerca de 90 crianças. Em parte, graças a clientes inusitados.
"Crianças da Mongólia vieram aprender inglês com a gente. E até mesmo americanos passaram por aqui, aproveitando o fato de que a gente só fala inglês."
Além da proibição de outros idiomas, os campistas também não podem usar aparelhos eletrônicos. A ideia é assegurar a real imersão.
"Só o meu celular funciona aqui. Todo dia, eu o disponibilizo para as crianças falarem com seus pais, embora algumas só me digam para dar o recado", conta Pizzo.
Assim como em outros negócios envolvendo crianças, atuar no segmento requer cuidados extras.
Segundo empresários do setor, consultores de negócios e pais ouvidos pela Folha, o principal na hora de divulgar seu acampamento é enfatizar a segurança.
"Dizer para os pais que o local não oferece riscos é primordial, até mais do que mencionar as atrações oferecidas", afirma Ariadne Metcafe, consultora de marketing do Sebrae.
O empresário e publicitário Tadeu Moura, 43, reforça a tese. Ele é pai de Téo, 10, que passou doze dias de suas férias no Timbalaia, de Mairiporã, em São Paulo.
| Raquel Cunha/Folhapress | ||
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| Hóspedes jogam vôlei no English Camp, de Itapetininga, que registrou 100% de ocupação nesta temporada de férias |
"Se o acampamento não conseguir passar a sensação de segurança, não adianta nem abrir vendas", diz.
Parte dessa sensação vem do histórico do local, parte da experiência dos profissionais -que deve ser enfatizada para os potenciais clientes.
Proprietária do Timbalaia, com 100% de ocupação desde dezembro -300 crianças, no total-, a professora Rosana Jacoto Nucci aposta na recomendação espontânea dos pais como principal forma de propaganda do acampamento. A diária com cinco refeições custa, em média, R$ 185.
"Muitos dos nossos monitores são ex-hóspedes, por isso, conheço suas famílias e sei que eles trabalham dentro dos nossos valores de qualidade e cuidados", diz.
Na família do publicitário Moura, que também costumava acampar quando criança, quem iniciou a relação com o Timbalaia foi a sobrinha Raíssa, 27, um ano mais jovem que o acampamento.
Tradição e experiência são também os pilares do English Camp, criado há 27 anos.
"Somos um negócio familiar que faz questão de manter sua essência", diz Solange Pizzo, sócia das irmãs Sandra e Sílvia no negócio.
ATRAÇÕES
Nas duas unidades da NR acampamentos, que ficam na Serra da Mantiqueira (SP), a oferta de atrações é trunfo.
Entre as cerca de 40 atividades oferecidas, há neste ano uma oficina de futebol americano ministrada por Ricardo Trigo, presidente do Corinthians Steamrollers, associado ao clube de futebol da zona leste paulista.
A sugestão foi de Erik Vivolo, 7, neto do proprietário Marco Antonio Vivolo.
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DICAS PARA UM ACAMPAMENTO DE SUCESSO
SEGURANÇA
Não há nada mais importante para um empreendimento que vai receber crianças do que investir na segurança -e saber comunicá-la para os pais dos interessados
TRADIÇÃO
Exaltar a história do acampamento ajuda. Uma colônia de férias longeva é sinal de que o trabalho foi bem feito e passou por várias gerações. No caso de um novo negócio, busque profissionais que tenham experiência na área e comunique isso aos pais na hora de se vender
EQUIPE
Acampamentos costumam usar ex-hóspedes como monitores. Uma opção para empreendimentos novos é procurar clientes de outros acampamentos, além de estudantes ou graduados em Educação Física e Pedagogia
ATRAÇÕES
Tenha uma oferta variada de atividades para as crianças. As tradicionais oficinas de artes plásticas, canto e teatro podem ser reforçadas por aulas de culinária e práticas esportivas menos conhecidas, como beisebol, por exemplo