Folha de S. Paulo


Desemprego é a 'grande preocupação do governo', afirma Dilma

O índice de desemprego no Brasil é a "grande preocupação do governo" e para reequilibrar as contas públicas é preciso "ampliar impostos".

Essa foi a avaliação feita pela presidente Dilma Rousseff nesta sexta-feira (15), em conversa com jornalistas no Palácio do Planalto. Mais cedo, dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) indicaram que a taxa de desemprego no país foi de 9% entre agosto e outubro do ano passado —a pior taxa da série histórica do IBGE, iniciada em 2012.

"[A taxa de desemprego] é o que olhamos todos os dias, é o que mais nos preocupa e é aquilo que requer atenção do governo", disse a presidente. Diante desse cenário, afirma, o governo precisa adotar medidas "urgentes": "Reequilibrar o Brasil num quadro em que há queda de atividade implica necessariamente –a não ser que façamos uma fala demagógica– em ampliar impostos. Estou me referindo à CPMF."

Para ela, a volta do chamado imposto do cheque "é fundamental para o país sair mais rápido da crise".

CRÉDITO

Na conversa, a presidente negou que as medidas de crédito em estudo no governo vão de encontro à política monetária atual. Dilma argumentou ainda que não há "nenhuma relação lógica" entre aumento de crédito e concessão de subsídios.

"Não é paradoxal: a política restritiva pelo lado fiscal é necessária. Isso não significa que você não possa ter uma politica de crédito que não seja desestruturante do ponto de vista fiscal e uma politica de crédito para alguns setores. Ou vamos defender que o Brasil, para poder reequilibrar fiscalmente, pare de emprestar para agricultura? E como é que fica nossa balança comercial?", questionou.

PEDALADAS

Ao comentar o pagamento das chamadas "pedaladas fiscais", a presidente argumentou que a decisão de quitar os valores em 2015 não significa que o governo reconhece ter cometido um equívoco.

"Não reconhecemos o erro porque quando você não usa cinto de segurança, quando o cinto de segurança não era previsto na legislação, os 200 milhões de brasileiros não estavam cometendo nenhum equívoco. Simplesmente a legislação não previa. A mesma coisa aconteceu com o governo", afirmou.

"Como o tribunal passou a prever, nós não queremos entrar nesse tipo de disputa, então pagamos", resumiu.

PETROBRAS

A presidente foi questionada se o governo federal, diante da crise na Petrobras, pode capitalizar a estatal —e não refutou diretamente essa possibilidade.

Após fazer uma longa explanação sobre o fim do "superciclo das commodities", Dilma ponderou que o governo "sempre estará preocupado" com a Petrobras. "Principalmente quando os fatores que levam a essa situação são fatores exógenos a ela, que ela não controla", afirmou.

"O que nós faremos será em função do cenário nacional e internacional. Nós não descartamos que vai ser necessário fazer uma avaliação se esse processo continuar. Mas não somos nós, o governo brasileiro, que não descarta. Nenhum governo vai descartar. (...) Todo mundo vai olhar o que vai acontecer", disse.


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