Folha de S. Paulo


Desemprego nacional sobe para 9% no trimestre terminado em outubro

A taxa de desemprego no Brasil foi de 9% entre agosto e outubro do ano passado, segundo dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua divulgados nesta sexta-feira (15) pelo IBGE.

Trata-se do décimo aumento consecutivo e a pior taxa da série histórica da pesquisa do IBGE, iniciada em 2012.

O resultado veio em linha com o centro das estimativas de economistas ouvidos pela agência internacional Bloomberg, que viam o desemprego a 9%.

No mesmo período de 2014, a taxa de desemprego estava 6,6%, bem abaixo da atual. Já nos três meses encerrados em julho do ano passado, a taxa era de 8,6%, de acordo com os números da pesquisa.

Taxa de desocupação - Por trimestre móvel, em %

Com a economia em recessão, o aumento da busca por postos de trabalho tem sido um dos combustíveis da piora da taxa de desemprego. O mercado de trabalho não gera vagas para absorver esse contingente.

A força de trabalho (que inclui pessoas empregadas ou procurando emprego) cresceu em 2,2 milhões de pessoas de agosto a outubro, frente ao mesmo período de 2014, alta de 2,2%. O motivo foi a maior procura por vagas.

A fila do desemprego conta agora, desta forma, com 9,1 milhões de pessoas. Houve um aumento expressivo de 38,3% na comparação a mesmo período de 2014 e de 5,3% em relação ao três meses que terminaram em julho.

Foram assim 2,5 milhões a mais de pessoas procurando emprego no trimestre, frente ao mesmo período de 2014. É a maior variação da série histórica da pesquisa.

Ao mesmo tempo, o número de empregados (ocupados) recuou em 258 mil pessoas no trimestre fechado em outubro, na comparação com o mesmo período de 2014. Trata-se de uma queda de de 0,3%, considerada estabilidade pelo IBGE.

A taxa de desemprego só não foi ainda pior porque muitos dos trabalhadores que têm perdido emprego com carteira estão se reinserindo no mercado em trabalhos autônomos, chamados de conta própria.

Segundo os dados da pesquisa, 1,2 milhão de trabalhadores perderam o emprego com carteira assinada no trimestre móvel findo em outubro, frente ao mesmo período de 2014. Trata-se de uma queda de 3,2%.

Simultaneamente, o número de pessoas dedicadas ao trabalho por conta própria —que não possui empregado ou auxiliar remunerado— teve um incremento de 4,2% sobre o período de agosto a outubro de 2014, 913 mil a mais.

SETORES

O pior resultado veio da indústria, um dos setores mais afetados pela crise na economia. Houve queda de 5,6% no pessoal ocupado no setor, frente ao mesmo período de 2014. São 751 mil pessoas a menos empregadas.

Nessa mesma base de comparação, encolheram os empregos na agricultura (-1,6%) e num abrangente grupo de serviços (-4%) que inclui informação, comunicação, atividades financeiras, imobiliárias.

Rendimento médio real, em R$

Além do aumento do desemprego, houve queda no rendimento dos trabalhadores. A renda foi de R$ 1.895 no trimestre móvel terminado em outubro, uma queda de 1% frente ao mesmo período de 2014.

Quando comparado ao rendimento do trimestre encerrado em julho do ano passado, o rendimento apresentou uma queda de 0,7%, segundo os dados da pesquisa, que visita residência nas quatro regiões do país.

A Pnad Contínua é a pesquisa mais abrangente de emprego do IBGE. Ela vai substituir a PME (Pesquisa Mensal de Emprego), que tem sua última coleta prevista para fevereiro, com divulgação dos dados em março.

A Pnad Contínua visita cerca de 211 mil domicílios no país ao longo do trimestre, com aproximadamente 2 mil entrevistadores envolvidos todos os meses.


Endereço da página:

Links no texto: