Folha de S. Paulo


Envolvida em escândalo, Volkswagen destoa de clima positivo em Detroit

Dos funcionários que verificam as credenciais dos jornalistas aos executivos mais bem pagos da indústria, todos sorriem no Salão de Detroit.

O bom humor é resultado do melhor ano da história do setor automotivo nos EUA: 2015 terminou com 17,7 milhões de veículos comercializados no país, um crescimento de 2% sobre 2014.

O segmento registrou o sétimo ano seguido de alta. Os dados foram divulgados pela associação que representa os revendedores de automóveis nos Estados Unidos.

A gasolina barata é o combustível dessa expansão, mas é o diesel que gera os únicos sorrisos amarelos visto no Cobo Hall, centro de exposições de Detroit. As expressões de constrangimento ainda estampam os rostos de executivos da Volkswagen.

Fraude da Volkswagen
Empresa tentou esconder poluição
Poster do

A marca alemã participa do primeiro grande salão em solo americano após o escândalo de adulteração do software de motores a diesel e tenta provar que o problema foi uma exceção em sua história.

O problema envolve cerca de 11 milhões de carros em todo o mundo. A alteração faz com que as medições de emissão de poluentes feitas em laboratório sejam menores do que as registradas no uso real dos veículos.

Neste domingo (10), o presidente global do grupo VW, Mathias Müller, pediu desculpas públicas "pelo que houve de errado na empresa". O comunicado foi feito na apresentação prévia à imprensa norte-americana.

Na segunda (11), foi a vez de o presidente da empresa nos EUA, Michael Horn, e de Herbert Diess, membro do conselho diretor da VW, passarem cerca de dez minutos falando sobre investimentos nos EUA (900 milhões de dólares a partir deste ano) e reiterando o apelo por perdão.

A expressão "New Volkswagen" foi exibida no telão da empresa durante boa parte da coletiva no Salão de Detroit.

Diess afirmou que a empresa desapontou consumidores, mas está "buscando retomar o caminho certo".

A única novidade apresentada pela marca é o conceito Tiguan GTE Active, um protótipo híbrido baseado na segunda geração do SUV.

Enquanto o motor a gasolina atua no eixo traseiro, o propulsor elétrico vai acoplado às rodas dianteiras. Eles trabalham em conjunto quando há demanda por tração integral.

A VW confirmou que irá produzir um novo utilitário em sua fábrica americana, o que consumirá a maior parte dos investimentos. De acordo com a empresa, a iniciativa deverá gerar 2.000 empregos no estado do Tennessee.

Às outras marcas do grupo Volks coube falar de bons resultados. A Porsche apresentou novas versões turbo do 911 e divulgou os números de vendas em 2015: 225,1 mil unidades emplacadas, o melhor ano da história.

Já a Audi exibe em Detroit o conceito H-tron Quattro.O protótipo tem motorização elétrica alimentada por pilhas de hidrogênio, fazendo parte de uma série de estudos que devem levar a lançamento de um novo utilitário esportivo de luxo, o Q6. Só não se deve esperar por versões a diesel.

PREOCUPAÇÃO COM O BRASIL

Apesar do aumento da produção para atender a expansão do mercado interno, a indústria vê com preocupação o que vem ocorrendo em mercados como o brasileiro, que afeta planos de exportação.

"O crescimento das vendas em países como o México vai oferecer algum alívio para nossa produção, mas não será suficiente para compensar a queda da demanda do Brasil, da África do Sul e de outros mercados emergentes", disse Steven Szakaly, economista-chefe da associação que representa os revendedores de carros dos EUA.

Viagem a convite da GM do Brasil


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