Folha de S. Paulo


Dólar salta mais de 2% e passa de R$ 4 com fraqueza da indústria chinesa

Na primeira sessão de 2016, o dólar dispara mais de 2% sobre o real nesta segunda-feira (4), acompanhando a valorização da moeda americana em relação a outras divisas emergentes no exterior.

O movimento reflete a preocupação de investidores em relação ao crescimento da China, após a atividade industrial da segunda maior economia do mundo ter registrado em dezembro retração pelo décimo mês consecutivo.

Às 14h55 (de Brasília), o dólar à vista, referência no mercado financeiro, tinha valorização de 2,50%, para R$ 4,060 na venda. Já o dólar comercial, utilizado em transações de comércio exterior, avançava 2,86%, para R$ 4,063 na venda. Ambas as cotações atingiram máximas na casa de R$ 4,07 nesta segunda-feira.

Dólar histórico

O dólar subia em relação a 21 das 24 principais moedas emergentes do mundo às 14h55 —o real era a que mais se desvalorizava contra a divisa dos Estados Unidos. A moeda americana também ganhava força contra nove das dez divisas globais mais importantes, entre elas a libra esterlina e o franco suíço.

O Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) do Caixin/Markit caiu para 48,2 em dezembro, abaixo dos 48,6 de novembro e do centro das apostas de analistas, que era de 48,9. Essa foi a leitura mais baixa desde setembro e bem abaixo do nível de 50 pontos que separa contração de expansão.

O setor industrial chinês luta contra a fraca demanda no país, indicando que a segunda maior economia do mundo vai iniciar 2016 mais fraca do que o esperado.

A pesquisa concentra-se em pequenas e médias empresas privadas. Outra pesquisa oficial divulgada na sexta-feira, que foca as empresas estatais maiores, mostrou o quinto mês de contração, embora a um ritmo ligeiramente mais modesto.

No Brasil, o pessimismo com o cenário político ajudava a acentuar a alta do dólar sobre o real, com o recesso no Congresso Nacional adiando a decisão de medidas importantes para o reequilíbrio das contas públicas do país. Entre as medidas a serem analisadas pelo Congresso após a volta do recesso está a retomada da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira).

O Banco Central realizou nesta sessão o primeiro de seus leilões diários de swaps cambiais para estender os vencimentos de contratos que estão previstos para o mês que vem. A operação, que equivale a uma venda futura de dólares, movimentou US$ 562 milhões.

No mercado de juros futuros, os contratos operavam com sinais opostos na BM&FBovespa, às 14h55. O DI para fevereiro de 2016 subia de 14,335% a 14,355%, enquanto o DI para outubro de 2016 cedia de 15,660% a 15,620%. Já o DI para janeiro de 2021 apontava taxa de 16,660%, ante 16,620% na sessão anterior.

BOLSAS

Após a divulgação do indicador chinês, os mercados acionários da China despencaram cerca de 7% e foram forçados a suspender suas operações pela primeira vez após a adoção de nova regra das autoridades reguladoras daquele país.

Segundo a norma, se o índice CSI300 —que reúne grandes bancos e empresas de petróleo estatais das Bolsas de Xangai e Shenzhen— registrar alta ou queda superior a 7%, as negociações devem ser suspensas pelo restante da sessão.

O índice despencou 7,02%, para 3.469 pontos. Já o índice de Xangai caiu 6,86%, para 3.296 pontos. E o de Shenzhen teve baixa de 8,22%, para 2.119 pontos.

Na Europa, as Bolsas tinham quedas de mais de 2% às 14h55 (de Brasília). O mesmo era registrado pelos índices de ações em Nova York.

Aqui no Brasil, o Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa brasileira, também mostrava baixa na primeira sessão de 2016. Às 14h55, cedia 1,76%, para 42.585 pontos. O volume financeiro girava em torno de R$ 2,2 bilhões.

A queda era amenizada pelo desempenho positivo dos papéis da Petrobras, que refletiam o avanço nos preços do petróleo no exterior. A ação preferencial da estatal, mais negociada e sem direito a voto, ganhava 2,08%, para R$ 6,84. Já a ordinária, com direito a voto, tinha alta de 1,28%, a R$ 8,68.

Com Reuters


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