Folha de S. Paulo


Ações chinesas caem 7% e negócios são interrompidos pela 1ª vez após regra

Associated Press
Investidora olha painel com cotação de ações na Bolsa de Valores de Xangai (China)
Investidora olha painel com cotação de ações na Bolsa de Valores de Xangai (China)

Os mercados acionários chineses despencaram cerca de 7% nesta segunda-feira (4), na primeira sessão de 2016, pressionados por pesquisas que apontam para atividade industrial fraca na China.

Os índices também foram afetados pela queda do yuan, que aumenta as preocupações em relação à economia chinesa.

Com a desvalorização, as Bolsas foram forçadas a suspender suas operações pela primeira vez desde dezembro do ano passado, quando foram finalizadas as novas regras de "circuit breaker".

Segundo a norma, se o índice CSI300 —que reúne grandes bancos e empresas de petróleo estatais das Bolsas de Xangai e Shenzhen— registrar alta ou queda superior a 7%, as negociações devem ser suspensas pelo restante da sessão.

O índice despencou 7,02%, para 3.469 pontos. O índice de Xangai caiu 6,86%, para 3.296 pontos. E o de Shenzhen teve baixa de 8,22%, para 2.119 pontos.

A queda ocorreu após pesquisa divulgada nesta segunda-feira mostrar que a atividade industrial da China se contraiu pelo décimo mês seguido em dezembro, a um ritmo mais rápido do que em novembro, mostrou nesta segunda-feira a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês).

O PMI do Caixin/Markit caiu para 48,2 em dezembro, abaixo dos 48,6 de novembro e do centro das apostas de analistas, que era de 48,9. Essa foi a leitura mais baixa desde setembro e bem abaixo do nível de 50 pontos que separa contração de expansão.

O setor industrial chinês luta contra a fraca demanda no país, indicando que a segunda maior economia do mundo vai iniciar 2016 mais fraca do que o esperado.

A pesquisa concentra-se em pequenas e médias empresas privadas. Outra pesquisa oficial divulgada na sexta-feira, que foca as empresas estatais maiores, mostrou o quinto mês de contração, embora a um ritmo ligeiramente mais modesto.

DESVALORIZAÇÃO DO YUAN

Somando às preocupações sobre a China, o banco central do país desvalorizou o yuan para a mínima de 4 anos e meio nesta segunda.

A China estabeleceu o valor diário de referência do yuan abaixo dos 6,5 yuan por dólar, em um sinal de que a fraqueza que a moeda enfrentou no ano passado deve continuar a ser uma tendência no mercado com a chegada de 2016.

O valor de referência é a cotação central em torno da qual a moeda chinesa é autorizada a flutuar em até 2%, para mais ou para menos. Com esse sistema, o governo chinês busca impedir mudanças bruscas no valor da moeda, assim como mantê-la sob seu controle.

Os dados ruins provocaram perdas no começo da sessão que se intensificaram rapidamente. As operações foram suspensas por volta das 3h30 (horário de Brasília), cerca de 90 minutos antes do horário regulamentar de fechamento.

As vendas se intensificaram após breve interrupção das operações por 15 minutos, quando os principais índices recuavam 5%. A atividade do dia em Xangai e Shenzhen foi interrompida logo depois.

Esse foi o primeiro dia em que os "circuit breakers", destinados a limitar a volatilidade, foram colocados em prática.

O mecanismo interrompe as atividades do dia com o objetivo de minimizar os efeitos de venda ou compra coletiva de papéis, que poderiam derrubar ou valorizar excessivamente as ações.

Em agosto, a autoridade reguladora suspendeu as compras de ações em larga escala, embora tenha se comprometido a manter a posse dos papéis indefinidamente. As ofertas públicas de ações voltaram no mês passado, após uma interrupção imposta em julho, em movimento que poderia afastar a demanda por ações.

Em novembro, o regulador retirou uma proibição de vendas de ações por corretores. A proibição de venda de ações prevista para expirar na sexta-feira afeta detentores de papéis que possuam participação de 5% ou mais em uma empresa.

PÂNICO NO MUNDO

Apesar da volatilidade, o índice de Xangai fechou o ano passado com ganho de 9,4%, após medidas de compra em larga escala por instituições financeiras nas mãos de estatais conhecidas como a "equipe nacional".

Essas compras turbinaram a recuperação após as Bolsas chinesas desabarem no final de agosto. O índice de Shenzhen fechou o ano com alta de 63,15%.

Agora, o temor do mercado é de que as medidas de emergência sejam suspensas, colocando nova pressão sobre o mercado.

No exterior, investidores reagiram vendendo ações também. A Bolsa de Tóquio encerrou a sessão de segunda, a primeira do ano, com queda de 3,06%. O índice Nikkei 225 caiu 3,06%, para 18.450,98 pontos.

Na Europa, as Bolsas caem com força. Às 10h10, a Bolsa de Frankfurt tinha desvalorização de 4,12%, enquanto o índice de Paris tinha baixa de 2,59% e o de Londres, de 2,38%.


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