Folha de S. Paulo


Ano de 2016 será mais um período para aproveitar juros altos

O ano começa e promete juros elevadíssimos e inflação resistente. O cenário é ruim para a atividade econômica, mas traz oportunidades para o pequeno investidor acelerar ganhos correndo pouco risco.

A taxa básica de juros (Selic), que está em 14,25%, deve subir para 14,75% no próximo dia 20, e a previsão é chegar a 15,25% no final do ano. A inflação pelo IPCA deve bater em 6,86%, segundo o último boletim Focus.

Se as estimativas dos analistas estiverem corretas, isso significa juros reais de 8,4% neste ano –marca registrada no início do primeiro mandato do governo Lula.

Como em 2015, a opção mais conservadora será aplicar em fundos pós-fixados (os antigos fundos DI) ou comprar o título Tesouro Selic emitido pelo governo. "Não tem erro", diz Fábio Colombo, administrador de investimentos pessoais. Para ele, esses papéis são proteção garantida caso o quadro se deteriore indefinidamente.

PRÊMIO ALTO

Nas últimas semanas, no entanto, os juros dos títulos do governo que vencem entre 2017 e 2022 tiveram que embutir taxas ainda maiores para compensar "essa segurança" que o investidor tem quando decide ficar com a taxa Selic ou com os fundos pós-fixados (quando se compromete com um taxa prefixada, deixa de acompanhar eventuais altas de juros). Além dos títulos do Tesouro Direto, essa realidade é capturada pelos CDBs prefixados dos bancos e pelos fundos de renda fixa com prazos médios.

O resultado é que os títulos do governo com vencimento janeiro em 2017 estão com juros de 15,8% -caso do Tesouro Prefixado (antiga LTN). Para 2018, a taxa sobe para 16,5%.
Quem prefere não arriscar com a inflação, o governo também teve de aceitar pagar juros de 7,25% mais o IPCA para quem se comprometer até 2019.
Vale lembrar que hoje, o juro real é 3,75% (14,25% da Selic menos 10,5% do IPCA) e só deve atingir 8,4% no final do ano (se a Selic cheguar m 15,25% e se a inflação recuar para 6,86%).

"Qualquer que seja o cenário -com ou sem impeachment- são taxas são muito altas que o governo não pode ter indefinidamente. Com a atividade econômica parada, acreditamos a inflação vai recuar. Em algum momento, os juros podem voltar a cair", disse Eduardo Levy, gestor da Rio Bravo.

"O risco é o de sempre; de a situação se deteriorar ainda mais e os juros terem de testar novas alturas. Quem poderia imaginar há um ano que chegaríamos hoje a esse situação?", disse Colombo.

No caso de a crise se agravar e o BC ter de subir os juros acima de 15,8% (hoje, a taxa prefixada de 2017) ou de 16,5% (taxa para 2018), cenário que parece improvável hoje, o investidor vai registrar perdas devido a chamada marcação a mercado -mecanismo de ajuste de preço em que o valor do título é atualizado pela diferença entre a taxa de juro atual e a acertada quando a dívida foi emitida.

Nesse caso, precisará ter o "sangue frio" para segurar a aplicação até o final, recebendo o que foi combinado.

Por outro lado, se houver uma melhora a ponto de as taxas recuarem -cenário em que a presidente Dilma consiga aprovar um ajuste fiscal crível ou um eventual governo Temer consiga fazer isso- esses títulos começam a se valorizar. Ou seja, além do ganho elevado (que foi combinado) há um adicional para ajustar os preços às taxas de juros menores.

Boletim Focus


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