Após meses de idas e vindas, divergências e omissões, os países do Mercosul finalizaram proposta para negociar a liberação do comércio com a UE (União Europeia).
Em seu discurso, na cúpula do Mercosul, a presidente Dilma Rousseff disse que a bola agora está com os europeus. "A decisão está do outro lado do Atlântico, deixamos claro que queremos fazer nossas propostas."
A expectativa do governo brasileiro é que o intercâmbio de propostas para facilitação do comércio entre as duas regiões seja concluído no primeiro trimestre de 2016.
Para a diplomacia paraguaia, que estava presidindo o bloco até esta reunião, o clima mudou no Mercosul, e todos os membros estão mais dispostos a negociar abertura de economias para turbinar o comércio exterior.
O Mercosul tem pressa para negociar, pois a UE deve entrar, em 2016, em diálogo para reduzir barreiras no comércio com os Estados Unidos, o que pode tirar a atenção de um acordo com o bloco sul-americano.
Países com dificuldades econômicas, como Brasil, Argentina e Uruguai, veem na iniciativa a chance de aumentar a demanda por seus produtos no exterior, uma vez que seus mercados domésticos estão deprimidos.
A Argentina era o último país a ingressar nesse clima e chegou à reunião representada pelo novo presidente, Mauricio Macri, de perfil mais liberal e defensor da reabertura da economia do país.
"Não queremos o Mercosul em duas velocidades, chegou o momento de todos juntos apertamos o acelerador. Avançar em um acordo entre Mercosul e UE é prioridade, e a Argentina está comprometida, disposta a fazer os esforços necessários para dinamizar as negociações", disse.
PACÍFICO
Outra frente de avanço identificada pelos sócios é Aliança do Pacífico, comunidade de países banhados pelo oceano e que reúne, no continente, Chile, Colômbia, Peru e México.
Segundo o ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro, o Brasil já apressa o passo e se aproxima desses países por conta própria.
Na semana passada, aumentou o número de itens contemplados no acordo de facilitação comercial com o México de 500 para 4.000 produtos.
Com a Colômbia e Peru, a expectativa é que as atuais negociações para zerar tarifas de importação para os setores siderúrgico, têxtil e automobilístico sejam concluídas entre 2017 e 2018. Com o Chile, o Brasil já tem um tratado de livre-comércio.
"Nós já avançamos na bacia do Pacífico do lado americano, que é a que nos interessa", disse Monteiro.