Folha de S. Paulo


BR Distribuidora não encontra novo presidente, e venda de ativos emperra

Principal operação do plano de venda de ativos da Petrobras, a transferência de fatia da BR Distribuidora está emperrada diante das dificuldades encontradas para modernizar a gestão da companhia, líder no mercado brasileiro de combustíveis.

Desde agosto, a estatal tenta, sem sucesso, encontrar no mercado um novo presidente para a subsidiária. Enquanto isso, a atual direção da empresa evita tomar medidas para a reorganização da estrutura, com redução das gerências e enxugamento de pessoal.

A paralisia tem custado à empresa perda de participação de mercado: entre dezembro de 2014 e o mês passado, a fatia da BR nas vendas de combustíveis caiu de 36,9% para 32,8%.

A Folha apurou que o salário, de cerca de R$ 80 mil, é o principal empecilho para a atração de um profissional de fora para a presidência da empresa.

O valor é considerado baixo no mercado, principalmente porque a companhia não gera bônus para seus executivos.

A busca por um novo presidente começou em agosto, quando a Petrobras decidiu destituir do cargo José de Andrade Lima Neto, nome apontado como indicação do PMDB, mas com bom trânsito com a presidente Dilma Rousseff.

A troca no comando foi decidida pelo conselho de administração da Petrobras como uma demonstração de vontade em modernizar a gestão da empresa e torná-la mais atrativa a investidores.

Atualmente, a estatal busca um sócio disposto a comprar 25% de participação na companhia.

O modelo foi adotado depois que a empresa desistiu de lançar ações em Bolsa, sob o argumento de que o cenário não é propício para este tipo de operação.

Fontes próximas à Petrobras afirmam que há interessados na subsidiária, mas consideram que a empresa precisa passar por um "choque de gestão" para ficar mais atrativa.

Segundo a Folha apurou, os gestores atuais têm evitado promover mudanças à espera do novo comando.

BALEIA ENCALHADA

Desde que o novo conselho de administração da Petrobras assumiu, em abril, dois titulares do conselho da BR —composto por suplentes do colegiado da estatal— já renunciaram ao cargo: Clóvis Torres, executivo da Vale indicado por Murilo Ferreira, e Dan Conrado, indicado pelo presidente da Petrobras, Aldemir Bendine.

Os dois alegaram motivos pessoais, mas representantes do conselho reclamam de tentativas de ingerência política na empresa.

Na Petrobras, a avaliação é que a BR não explora bem algumas áreas de negócio, como as lojas de conveniência.

No mercado, a empresa ganhou o apelido de "baleia encalhada", por estar inchada e paralisada.

Até o momento, a Petrobras só conseguiu fechar uma grande operação de seu plano de desinvestimentos: a venda de 49% da Gaspetro, empresa de participações em distribuidoras de gás canalizado, por R$ 1,9 bilhão à japonesa Mitsui.

O presidente da estatal diz ter confiança em que a empresa atingirá a meta de arrecadar US$ 15,1 bilhões com venda de ativos até o fim de 2016.

Além da BR, a estatal negocia participações em campos de petróleo.


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