Depois de um ano difícil para a indústria do turismo e da aviação, o dólar a quase R$ 4, somado a uma onda de promoções em plena alta temporada deve ajudar encher hotéis, cruzeiros e aeroportos nestas férias. O número de turistas no mercado doméstico deve crescer cerca de 10% em dezembro e janeiro, segundo estimativas da Abav (Associação Brasileira de Agências de Viagem).
Para fazer a viagem caber no bolso, o brasileiro está optando por viagens mais curtas e em voos fretados, e decidindo a compra em cima da hora, estimulado por uma guerra tarifária entre as aéreas.
Até os cruzeiros se adaptaram à nova realidade. Na atual temporada, 50% dos roteiros serão em formato de "mini cruzeiros", mais curtos e mais baratos.
A CVC, maior agência de viagens do país, vai realizar 1.000 voos fretados de 1º de janeiro até o final do carnaval. O número é o dobro do que no ano anterior e só foi possível devido à crise por que passa a aviação, que está operando com excesso de capacidade.
País tem reduzido investimentos - Em R$ milhões
Os voos fretados são uma forma das empresas aéreas garantirem alguma receita com um avião que estaria parado, mas a receita é bem inferior ao que ela obteria se estivesse vendendo os bilhetes diretamente ao consumidor final.
Para o consumidor final, pacotes com aéreo fretado saem de 17% a 30% mais baratos do que com o aéreo normal em alta temporada. Com pacotes mais em conta, a CVC tem conseguido manter e até aumentar a demanda no mercado doméstico, compensando a queda nas viagens internacionais. Tradicionalmente 60% das viagens vendidas são para destinos no Brasil. Com os fretamentos neste verão, o doméstico deverá subir para 70% dos embarques.
Vizinhos investem mais em 2015 - Em US$ milhões
Para as companhias aéreas, porém, o aumento de vendas neste verão está longe de compensar a crise vivida ao longo do ano. "As empresas estão em modo de sobrevivência, fazendo o que for possível para minimizar os prejuízos", diz Antonoaldo Neves, presidente da Azul Linhas Aéreas. A empresa está com um excedente de capacidade da ordem de 10% e planeja tirar de operação, a partir do segundo semestre do ano que vem, de dez a 15 aviões, de um total de 145 em operação. "Pode ser mais do que 15, dependendo do tombo."
A aviação doméstica vem acumulando quatro meses seguidos de retração, em linha com a recessão da economia. Em novembro, o tombo foi de 7,9%, levando a demanda a regredir para os níveis de 2013, segundo a Abear, (Associação Brasileira das Empresas Aéreas). A estimativa da entidade é de que em 2015 o prejuízo somado das aéreas passe de R$ 3 bilhões.
O cenário não é muito diferente na hotelaria. Segundo estudo do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (Fohb), a taxa de ocupação deve sofrer uma queda de 5% este ano, enquanto a diária média deve encolher 6%. "Para 2016, avaliamos que os resultados serão impulsionados principalmente pelas Olimpíadas, mas com uma estabilização da taxa de ocupação", diz Patrick Mendes, vice-presidente de estudos e tendências do Fohb. "O cenário nos obriga a ser cautelosos em termos de projeções, mas pode ser que a recuperação ocorra a partir do primeiro trimestre de 2017."
O ano também foi difícil para as agências de viagens menores: pelo menos uma dezena de agências fechou as portas ou entrou em recuperação judicial. Outras foram vendidas, como a Submarino e a Rextur, adquiridas pela CVC.
AEROPORTOS - Movimentação nos principais aeroportos brasileiros*
INTERNACIONAL
As promoções estão ajudando a aquecer até mesmo as viagens internacionais, ainda que em menor escala. "Nunca houve promoção com tanta frequência como estamos tendo hoje", diz o diretor da American Airlines no Brasil, Dilson Verçosa Junior. "As pessoas seguem viajando, mas fazendo viagens mais curtas, decidindo em cima da hora por conta das promoções."
Em alguns voos, como de Miami para Manaus ou Recife, destinos onde a seleção americana jogou durante a Copa, a queda de demanda tem sido compensada por uma venda mais expressiva lá fora. Antes da Copa, 75% dos passageiros no voo da AA de Manaus eram brasileiros. Hoje são 60%.
"Estamos cobrando mais barato em dólar do que no passado", diz Verçosa. "A crise afeta muito a rentabilidade. Mas o pior é a falta de capacidade de planejamento."
Em outubro do ano passado, a AA já contabilizava vendas para o período posterior ao Carnaval. "Agora bate o desespero pois, ninguém mais compra com dois ou três meses de antecedência. Mas as promoções fazem com que as vendas cresçam muito rapidamente de véspera", diz Verçosa.
HOTÉIS - Taxa de ocupação dos hotéis urbanos brasileiros, em %
COMPARAÇÃO DE PACOTES - VOO FRETADO x VOO REGULAR
O mesmo pacote da CVC, para viajar agora na semana do Feriado do Natal, fica 17% mais em conta em voo fretado do que em voo regular.
Os pacotes abaixo foram calculados para embarques em São Paulo, com valor por pessoa.
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Pacote CVC para Fortaleza - 05 dias - VOO FRETADO
Inclui: Passagem aérea, transporte aeroporto/hotel/aeroporto
Hospedagem com café da manhã no hotel Algarve Praia, passeio
Pela cidade e praia de Cumbuco.
Valor por pessoa. R$ 1.498,00
Embarque em SP no dia 22/12 - FICA 17,6% MAIS BARATO DO QUE EM VOO REGULAR
Pacote CVC para Fortaleza - 05 dias - VOO REGULAR
Inclui: Passagem aérea, transporte aeroporto/hotel/aeroporto
Hospedagem com café da manhã no hotel Algarve Praia, passeio
Pela cidade e praia de Cumbuco.
Valor por pessoa. R$ 1.818,00
Embarque em SP no dia 22/12
Pacote CVC para Natal - 08 dias - VOO FRETADO
Inclui: Passagem aérea, transporte aeroporto/hotel/aeroporto
Hospedagem com café da manhã no hotel Yak, passeio pela cidade e pela praia de Pirangi.
Valor por pessoa: R$ 1.798,00
Embarque em SP no dia 19/12 - FICA 17,4% MAIS BARATO DO QUE EM VOO REGULAR
Pacote CVC para Natal - 08 dias - VOO REGULAR
Inclui: Passagem aérea, transporte aeroporto/hotel/aeroporto
Hospedagem com café da manhã no hotel Yak, passeio pela cidade
E praia de Pirangi.
Valor por pessoa: R$ 2.179,00
Embarque em SP no dia 19/12