Folha de S. Paulo


'Cara' do verão, coco cruza o país para abastecer alta demanda do Sudeste

Felipe Gabriel - 15.dez.2014/FolhaPress
SÃO PAULO, SP, BRASIL, 15-12-2014, Coco na praia do arrastão. Foto: Felipe Gabriel/FolhaPress
Nordeste produz 70% do coco no país

Se você nunca disse já deve ter ouvido de alguém, em tom de desabafo: "Vou largar tudo e vender coco na praia".

A ideia implícita é que vender a fruta com a vista do mar ao fundo oferece uma rotina menos estressante do que trabalhar em um escritório.

Coco na praia

Para vender o coco em lanchonetes, carrinhos, isopor ou quiosques, é preciso se registrar na prefeitura e nos órgãos públicos como em qualquer outro negócio varejista.

Quem planeja faturar até R$ 60 mil por ano pode se tornar um MEI (microempreendedor individual). Com isso, é possível ter CNPJ, contribuir com a Previdência Social e ter benefícios trabalhistas.

O Nordeste produz 70% do coco no país. Já os líderes no consumo são os Estados do Sudeste: 60%.

A maior parte do cultivo é feita em pequenas lavouras.

"Para vir da Bahia, Estado onde há a maior produção, a São Paulo, os cocos viajam mais de 20 horas em caminhões", diz Frederico Porto, presidente do Sindcoco (Sindicato Nacional dos Produtores de Coco).

É possível comprar a fruta de duas maneiras: direto dos produtores ou em entrepostos.

Desde 1988 nesse mercado, José Carlos Medeiros, dono da Barraca do Zé, lanchonete na avenida Jabaquara, região sul de São Paulo, compra de um primo, agricultor na cidade de Sousa, na Paraíba -um dos maiores polos produtores do país.

"O coco de lá é mais doce. Pago R$ 1,50 em cada um", diz o comerciante, que vende a fruta a R$ 5.

Medeiros compra 12 mil cocos por mês na alta estação. Eles chegam de caminhão a cada 15 dias. Menos de 10% deles não são vendidos.

Já a compradora Vanda Prétola, do restaurante Pé no Parque, na região da avenida Hélio Pellegrino, próximo ao parque Ibirapuera, prefere comprar os cocos no Ceagesp, que reúne produtores e comerciantes de frutas, legumes e flores em São Paulo.

Prétola adquire uma média de 400 cocos por semana e paga entre R$ 1,60 e R$ 2,40 por unidade. O preço ao consumidor é R$ 6,50.

SAZONALIDADE

No verão, a venda dos cocos dobra na Barraca do Zé.

A fruta dura em média dez dias, o que impede grandes estoques. E, mesmo em quantidades menores, o coco ocupa espaço na loja.

"Também não é recomendável extrair e estocar a água, a não ser que se faça um processo com conservantes e embalagens do tipo longa vida", explica Francisco Porto, presidente do Sindcoco.

Assim, o processo de compra é constante, o que dificulta negociações com fornecedores e provoca impacto nos preços durante o verão.

Nos meses mais frios, quando as vendas caem, Medeiros investe em produtos com perfil de inverno, como sopas,lanches e porções.

"Vender coco é bom. Comecei numa barraca na rua e hoje tenho 25 funcionários. Mas quem acha que é só moleza está bastante enganado", diz Medeiros, que não revela seus lucros.


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