Folha de S. Paulo


Conheça o novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa

Pedro Ladeira/Folhapress
BRASILIA, DF, BRASIL, 24-08-2015, 11h00: Os ministros Nelson Barbosa (Planejamento), Gilberto Kassab (Cidades) e Edinho Silva (SECOM) durante coletiva de imprensa após reunião de coordenação política com a presidente Dilma Rousseff. Eles anunciaram uma reforma administrativa que será apresentada pelo governo no próximo mês, com redução de ministérios, cargos comissionados e gastos de custeio, no Palácio do Planalto. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
Nelson Barbosa, quando era ministro do Planejamento

O economista carioca Nelson Henrique Barbosa Filho, que deixa Ministério do Planejamento para assumir a Fazenda, é conhecido por suas posições desenvolvimentistas e considerado um dos responsáveis pelas mudanças na política econômica a partir do fim de 2008.

Com perfis diferentes, Joaquim Levy e Barbosa travaram diversos embates sobre a condução da política econômica do governo nos últimos meses. Na maioria das vezes, Levy saiu derrotado.

Um dos casos mais recentes de divergência foi a meta fiscal de 2016. Barbosa considerava que não era possível aumentar os cortes de gastos e pressionava para uma redução da meta, que previa, inicialmente, um superavit primário de 0,7% do PIB.

Levy era contra a alteração que, segundo ele, levaria a um rebaixamento do grau de investimento do país por agências de risco e a um agravamento da crise econômica. Na disputa, Dilma concordou com Barbosa e enviou para o Congresso proposta de superavit de 0,5% do PIB, que foi aprovada.

MUDANÇA NA FAZENDA
Barbosa substitui Levy no ministério
Joaquim Levy e Nelson Barbosa

Barbosa já havia sido cotado para a Fazenda, quando Joaquim Levy assumiu. O seu nome estava na lista entregue por Lula a Dilma Rousseff com sugestões para substituir Guido Mantega. Outros indicados eram o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, e o ex-presidente do BC Henrique Meirelles.

Apesar das suas posições desenvolvimentistas e de apoio da expansão fiscal - com juros mais baixos e controle do câmbio– Barbosa fez críticas, em 2014, ao que considerava gastos excessivos do governo.

Em palestras realizadas na época, propôs medidas para organizar as contas públicas. Ele não afirmava, entretanto, que havia um descontrole, mas defendia que o Orçamento engessado limitava a liberdade do governo para cortar gastos.

PEDALADAS

O novo ministro está na lista de pessoas que podem ser punidas pelo TCU (Tribunal de Contas da União) no caso das chamadas "pedaladas fiscais". O tribunal considerou ilegais os atrasos dos repasses da União para quitar benefícios sociais e subsídios pagos por bancos públicos em 2013 e 2014.

Ao menos 17 servidores, entre eles Barbosa e o ex-ministro Guido Mantega, podem responder por atos de improbidade e crime contra as finanças. A ação pode resultar em perda do cargo e inabilitação por oito anos para exercício de função pública, em caso de condenação.

Entenda as pedaladas

DESENVOLVIMENTISMO

Na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), teve como professores economistas identificados com o desenvolvimentismo (escola que defende maior participação do Estado na economia), como Carlos Lessa e Maria da Conceição Tavares.

Na década de 1990, foi funcionário concursado do Banco Central e do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Em 2003, foi trabalhar com Guido Mantega, que havia acabado de assumir o Ministério do Planejamento. Também o assessorou no comando do BNDES.

No Ministério da Fazenda, mais uma vez sob Mantega, foi alcançando cargos cada vez mais altos: secretário de Acompanhamento Econômico (2007-2008), de Política Econômica (2008-2010) e, no governo Dilma, secretário-executivo (2011-13).

Foi também presidente do conselho do Banco do Brasil (2009-2013) na época em que a instituição liderou ações de combate à crise de 2008, que envolveu, por exemplo, aumento de gastos e do crédito nos bancos públicos.

Participou ainda da tentativa frustrada de reforma tributária do governo Dilma.

RELAÇÃO COM DILMA

"Nelsão", como é conhecido, nunca foi filiado ao PT, mas esteve sempre próximo ao partido. O economista se aproximou da presidente Dilma durante o governo Lula, ao participar da elaboração do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e do Minha Casa, Minha Vida.

Como secretário-executivo, Barbosa ganhou espaço também dentro do Planalto. Passou a tomar decisões diretamente com a presidente, sem a participação do chefe, Mantega. A situação causou atritos na relação entre os dois.

Desgastado, Barbosa deixou o governo em junho de 2013. Depois, aproximou-se do ex-presidente Lula e participou de atividades do instituto mantido pelo petista. Como professor da FGV, adotou uma posição de crítica moderada às ações do governo Dilma. No período, também atuou como professor-adjunto do Instituto de Economia (IE/UFRJ) e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE/FGV).

Passou a fazer consultorias em bancos e gestoras de investimentos. Em suas palestras, dizia que não tinha pretensões de voltar ao governo. Entretanto, no final de 2014, foi nomeado ministro do Planejamento e assumiu o cargo no início de 2015.

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RAIO-X

NOME Nelson Henrique Barbosa Filho
IDADE 46
LOCAL Rio de Janeiro
FORMAÇÃO Economista pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro)

CARGOS
Secretário de Acompanhamento Econômico (2007-2008)
Secretário de Política Econômica (2008-2010)
Secretário executivo do Ministério da Fazenda (2011-13)
Presidente do Conselho de Administração do Banco do Brasil (2009-2013)
Ministro do Planejamento (2015)


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