Folha de S. Paulo


'Projeto verão' incrementa negócios voltados para alimentação saudável

Com a chegada dos meses de calor, consumidores ficam mais dispostos a investir tempo e dinheiro para entrar em forma. O chamado "projeto verão" traz oportunidades para os empreendedores do setor de alimentos saudáveis.

No food truck Fit Truck, o faturamento mensal de R$ 30 mil aumenta até 30% na estação, graças à participação em eventos no litoral e em parques aquáticos no interior de São Paulo, afirma o chef Henrique Falcão, 35.

Nesse período o cardápio prioriza alimentos mais leves, como as saladas, que saem por cerca de R$ 20, diz o chef.

Na 2GoBag, que produz bolsas térmicas, o faturamento cresce cerca de 20% entre outubro e janeiro, diz o sócio Karlos Brasília, 37.

"Os clientes querem entrar em forma para o verão e usam as sacolas para levar refeições saudáveis", afirma. A empresa deve fechar o ano com um faturamento de R$ 2,5 milhões.

Marcus Leoni/Folhapress
Os empresários Karlos Brasília e Gabriela Vianna na sede da 2GoBag, em São Paulo
Os empresários Karlos Brasília e Gabriela Vianna na sede da 2GoBag, em São Paulo

Além de modelos esportivos (o menor sai por R$ 157,99), a empresa criou uma linha de bolsas especiais, com novas cores e materiais (a grande custa R$ 559) para incentivar os clientes a comprarem mais de um item.

"Temos linhas diferentes para atender desde clientes fisiculturistas, que levam todas as refeições do dia, até pessoas que carregam um lanche para o trabalho para economizar", diz Gabriela Vianna, 44, sócia do negócio.

Outra empresa que aposta na busca por alimentação saudável é a Salgado Maromba, que comercializa salgados com massa feita de frango com batata doce ou frango com couve-flor desde o início de dezembro.

A receita foi criada pela blogueira fitness Tatiana Guidi, 35. Seu marido e sócio no negócio, Diego Guidi, 33, afirma: "Muitos sites vendem refeições saudáveis congeladas, então apostamos em um lanche que pode substituir uma refeição, porque temos menos concorrência".

O empresário diz: "Nosso objetivo é vender 50 mil salgados por mês e faturar R$ 500 mil mensalmente até a metade de 2016. É ambicioso, mas o mercado está respondendo. Em menos de duas semanas, recebemos mensagens de 26 pessoas interessadas em revender o produto, incluindo dois empresários nos Estados Unidos".

A embalagem com duas unidades custa R$ 21,80, e o casal pretende impulsionar as vendas enviando o produto para que outras blogueiras ligadas a alimentação saudável o divulguem em suas redes sociais.

DIVULGAÇÃO

A marca de alimentos naturais b.eat, lançada em outubro passado, investe em eventos esportivos para promover seus produtos.

Em dezembro, a empresa organizou aulas de ioga e ginástica funcional no Parque do Ibirapuera, em São Paulo.

"Acreditamos que o esporte é a forma mais sólida de nos conectar com o nosso público. Vamos fazer ações similares nas praias de Trancoso [BA] e Jericoacara [CE] durante o verão", afirma José Kappaz, 32, fundador.

A empresa importa da Espanha a raiz conhecida como "tigernuts" ou chufa. O pacote com 200 gramas é vendido em lojas por cerca de R$ 30.

Segundo Kappaz, o objetivo é faturar R$ 2 milhões no próximo ano.

Para Adriano Gomes, sócio da Méthode Consultoria, os eventos são uma boa estratégia para divulgar a marca, mas é preciso mais. "Essas ações não se convertem necessariamente em vendas. É preciso investir em táticas mais diretas, como degustação em mercados."

Para Carlos Wizard, presidente da rede de franquias de produtos naturais Mundo Verde, o consumidor brasileiro está disposto a pagar mais caro pelo alimento saudável.

"Quando ele adquire esse hábito, se torna um cliente fiel", diz o Wizard, que inaugurou 40 lojas neste ano.


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