Folha de S. Paulo


Ford investirá US$ 4,5 bilhões até 2020 em linha de carros elétricos

Saul Loeb/AFP
Veículos Ford Focus na fábrica da companhia em Wayne, Michigan, nos Estados Unidos
Veículos Ford Focus na fábrica da companhia em Wayne, Michigan, nos Estados Unidos

A Ford planeja investir US$ 4,5 bilhões para mais que dobrar a proporção de veículos que oferece com propulsão elétrica, até o final da década, como parte de uma reformulação abrangente de sua abordagem quanto ao desenvolvimento de produtos, com o objetivo de enfrentar desafios como o da crescente urbanização.

O esforço significa que, dentro de cinco anos, 40% dos modelos de veículos vendidos pela segunda maior montadora norte-americana devem oferecer alguma forma de propulsão elétrica como opção, ante cerca de 13% na linha atual.

As opções elétricas incluirão veículos com propulsão apenas por baterias - sem motor de combustão interna -, veículos híbridos usando eletricidade gerada por freadas e híbridos reabastecíveis em tomada cujas baterias podem ser recarregadas via rede elétrica mas contam igualmente com um motor de combustão interna.

A medida é parte dos esforços da empresa para enfrentar o aperto antecipado nas normas quanto à emissão de gases causadores do efeito estufa, a crescente urbanização e a mudança de atitude dos consumidores quanto à propriedade de carros.

AMBIÇÃO

Mark Fields, presidente-executivo do grupo, afirmou que a Ford queria ampliar sua atual estratégia de "poder de escolha", ao oferecer veículos com uma gama de diferentes tecnologias de propulsão.

O plano parece ser uma tentativa de ganhar vantagem sobre a General Motors —que planeja lançar um carro elétrico com alcance de 320 quilômetros, o Chevrolet Bolt, que custaria cerca de US$ 30 mil, considerados os incentivos fiscais.

Além dos novos veículos, o principal modelo elétrico da Ford, uma versão do Ford Focus, será atualizado. Uma nova opção de carga rápida permitirá que o nível da bateria suba para 80% do total com apenas 30 minutos de recarga. O veículo terá autonomia de 160 quilômetros entre recargas, ante os atuais 120 quilômetros.

Fields declarou que a companhia desejava ampliar sua "liderança" nos veículos elétricos. A Ford é a segunda maior vendedora de veículos elétricos de todos os tipos, nos Estados Unidos, atrás apenas da japonesa Toyota, e a maior vendedora de híbridos reabastecíveis em tomada.

"Estamos reduzindo a distância que nos separa da Toyota", disse Fields.

EFICIÊNCIA

Raj Nair, vice-presidente de desenvolvimento de produtos da montadora, negou que o plano fosse deixar o Focus inferiorizado com relação ao Bolt em termos de capacidade, apontando que o Focus era mais parecido com veículos convencionais do que o pequeno Bolt será.

"Estamos muito orgulhosos das capacidades do Focus em termos de grande utilidade e dirigibilidade, sem sacrificar quaisquer dos requisitos", disse Nair.

O esforço da Ford e de outras montadoras de automóveis reflete o desenvolvimento da tecnologia das baterias, que vem permitindo rápida melhora nos veículos elétricos, e os novos requisitos regulatórios. Nos Estados Unidos, as normas do governo requerem que a eficiência energética média dos veículos seja praticamente dobrada, entre 2011 e 2024, conduzindo o padrão de consumo de combustível para a linha de cada montadora da média de 11,7 quilômetros por litro a 23,2 quilômetros por litro.

No entanto, ele surge em um momento no qual os preços baixos dos combustíveis reanimaram as vendas de utilitários esportivos e picapes, modelos de alto consumo.

CUSTO

Nair reconheceu que os novos veículos em geral refletem os requisitos regulatórios e não a demanda dos consumidores.

Em referência ao custo ainda relativamente alto dos veículos elétricos, ele disse: "Resolver melhor a equação do custo é claramente um desafio".

Fields apresentou as propostas para novas versões elétricas como parte de um pacote de planos que a companhia chama de Ford Smart Mobility, e que incluem o potencial desenvolvimento de uma bicicleta elétrica e testes de um serviço de vans para passageiros na região da sede da empresa, em Dearborn, Michigan.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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