Folha de S. Paulo


Dow Chemical e DuPont se fundem e criam grupo de US$ 130 bilhões

Tim Shaffer - 17.abr.2012/Reuters
A view of the Dupont logo on a sign at the Dupont Chestnut Run Plaza facility near Wilmington, Delaware, in this April 17, 2012, file photo. Dow Chemical Co and DuPont are in advanced merger talks, the Wall Street Journal reported on December 8, 2015, citing people familiar with the matter. REUTERS/Tim Shaffer/Files ORG XMIT: TOR600
Logotipo da DuPont em prédio da empresa perto de Wilmington, em Delaware, nos Estados Unidos

A Dow Chemical e a DuPont, duas das maiores companhias químicas dos Estados Unidos, fecharam acordo para uma fusão de US$ 130 bilhões, que será seguida por uma cisão na forma de três empresas separadas.

No anúncio feito na manhã de sexta-feira, as duas empresas afirmaram esperar que a nova companhia, que levará o nome DowDuPont, gere economia de custos da ordem de US$ 3 bilhões ao ano, em um processo que deve envolver milhares de demissões.

Elas projetaram que essas economias elevariam em US$ 30 bilhões o valor de mercado do grupo combinado, que era de US$ 130 bilhões com base nos preços das ações da Dow e da DuPont no fechamento da quinta-feira.

No entanto, o plano deve enfrentar escrutínio minucioso das autoridades de defesa da competição, nos Estados Unidos e em outros países, e pode causar preocupação a alguns acionistas.

Os acionistas da Dow ficarão com 50% do grupo combinado, e os da DuPont com a metade restante, com base em uma "taxa de câmbio" de duas ações da DowDuPont por ação da Dow e 1,282 ação da DowDuPont por ação da DuPont.

O anúncio confirma os principais detalhes do plano como reportados no começo da semana.

Pessoas informadas sobre as negociações afirmaram que as empresas e seus assessores vinham trabalhando sem parar para chegar a um entendimento antes que expirasse, na segunda-feira, o prazo de um acordo entre a Dow e o Third Point, fundo de hedge do investidor ativista Daniel Loeb, limitando a aquisição por este de novas ações da Dow, na qual o fundo detém 2,03% de participação.

No ano passado, as duas partes chegaram a uma trégua, como parte de um acordo para a inclusão de membros independentes no conselho da Dow; durante a vigência do acordo, Loeb estaria impedido de criticar a companhia.

A transação planejada inclui postos para os presidentes-executivos de ambas as companhias. Andrew Liveris, da Dow, será presidente do conselho do grupo combinado, e Edward Breen, da DuPont, se tornará presidente-executivo.

A DowDuPont também deve manter duas sedes, em Midland, Michigan, atual sede da Dow, e Wilmington, Delaware, atual sede da DuPont.

A cisão proposta para o grupo criaria três empresas com foco mais estreito: uma se concentraria em sementes e proteção a safras agrícolas; a segunda em materiais como plásticos; e a terceira em produtos químicos especializados.

Em uma indicação quanto aos papéis que estarão reservados aos executivos depois da cisão planejada, Liveris presidirá um comitê que cuidará dos planos para a companhia de plásticos, enquanto Breen comandará os comitês de produtos para agricultura e de produtos químicos especializados.

Liveris disse que a transação era "a culminação de uma visão que tínhamos há mais de uma década, de unir essas duas poderosas e inovadoras companhias de ciência dos materiais".

Breen afirmou que a cisão do grupo combinado em três empresas significaria que cada uma dessas empresas poderia "alocar capital mais efetivamente [e] aplicar essas poderosas inovações de maneira mais produtiva".

O presidente-executivo da DuPont disse que as sinergias da fusão "criariam valor significativo em curto prazo", com benefícios "ainda maiores" a extrair quando da cisão em três unidades.

A DuPont afirmou em comunicado separado que no ano que vem lançaria uma iniciativa de redução de custos que afetaria 10% de sua força de trabalho, que pelo final do ano passado era de 54 mil pessoas.

A DuPont alertou também que, "dadas as condições econômicas mundiais nos mercados emergentes e na agricultura", ela antecipava que seria um "desafio" obter crescimento de vendas em 2016.

Em nota publicada antes do anúncio da fusão, Aleksey Yefremov, analista da corretora Nomura, afirmava que os méritos do acordo para a Dow dependeriam de fatores como a "execução de uma integração incrivelmente complexa".

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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