Folha de S. Paulo


Brasileiros e asiáticos criam mineradora de US$ 16 bilhões

Dado Galdieri - 9.mai.2013/Bloomberg
Caminhões basculantes, carregam extraído de minério de ferro, a partir dos terraços de Brucutu, mina da Vale SA, em Barão de Cocais (MG). *** Dump trucks carry mined iron ore from the terraces at Vale SA's Brucutu mine in Barao de Cocais, Brazil, on Thursday, May 9, 2013. Vale SA, the world's biggest iron-ore producer, last month posted quarterly profits that beat analysts' estimates for the first time in two years on cost reductions and higher copper sales. Photographer: Dado Galdieri/Bloomberg ORG XMIT: 168942495
Caminhões carregam minério de ferro

A siderúrgica CSN anunciou nesta segunda-feira (30) a criação de outra mineradora, a Congonhas Minérios.

A companhia reunirá a atividade de mineração da Namisa, na qual a CSN tem sócios asiáticos, e negócios que pertenciam antes apenas à siderúrgica: a mina Casa de Pedra, uma das maiores do país, uma fatia de 18,63% na ferrovia MRS e um terminal portuário em Itaguaí, no Rio.

Com capacidade de produzir 60 milhões de toneladas de minério por ano, a Congonhas nasce como uma das maiores mineradoras do mundo. Segundo a CSN, é avaliada em US$ 16 bilhões (R$ 62,2 bilhões).

A CSN terá o controle da nova mineradora, com 87,52% das ações. Os asiáticos ficarão com 12,48% do negócio.

NOVELA

O acerto põe fim a uma longa disputa entre Benjamin Steinbruch, dono da CSN, e o consórcio de investidores japoneses, chineses e sul-coreanos que, em 2008, comprou 40% da Namisa.

Os asiáticos, que investiram US$ 3 bilhões na companhia, passaram a acusar Steinbruch de não cumprir sua parte no trato e a exigir o valor desembolsado de volta.

O empresário propôs então a formação da nova empresa sob o argumento de que, ao unir as duas operações, haveria ganhos de produtividade.

Mas as duas partes nunca chegavam a um consenso sobre a participação final que cada uma teria no negócio. Em 2013, a CSN chegou a anunciar que "desentendimentos" poderiam levar à dissolução da parceria.

No final de 2014, um acordo enfim foi assinado. Steinbruch tinha até o final de 2015 para colocar de pé a nova empresa. Com o anúncio desta segunda, fica livre de devolver os US$ 3 bilhões.

Para selar o negócio, os japoneses exigiram, contudo, que o brasileiro lhes pagasse US$ 680 milhões. O valor fez com que a CSN aumentasse a fatia no negócio em 4%, para os 87,52% anunciados.

EM BOA HORA

O acordo chegou em bom momento, mas não foi o suficiente para animar os investidores –as ações da CSN fecharam em queda de 6,46%.

Com uma dívida crescente e prejuízo acumulado de quase R$ 800 milhões no ano, a CSN luta para encontrar uma saída para sua situação financeira. O plano é alongar dívidas de curto prazo, segurar investimentos e vender o que for possível. Já foram oferecidas ao mercado as ações remanescentes na MRS, participações em hidrelétricas, um terminal de grãos em Itaguaí e ações da rival Usiminas.

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RAIO-X

CONGONHAS MINÉRIOS

Capacidade de produção
60 milhões de toneladas por ano

Sócios
CSN (87,52%) e consórcio de asiáticos (12,48%)

Ativos
minas da Namisa, mina Casa de Pedra, ações da MRS (18,63%) e porto em Itaguaí (RJ)

Principais concorrentes
Vale e Samarco


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