Folha de S. Paulo


Sete Brasil prepara recuperação judicial para pressionar Petrobras

Alexandre Gentil/Divulgação
ANGRA DOS REIS, RJ, BRASIL, 22-01-2014: Casco de sonda de perfuração da Sete Brasil, no estaleiro BrasFELS, em Angra dos Reis (RJ)
Casco de sonda de perfuração da Sete Brasil, no estaleiro BrasFELS, em Angra dos Reis (RJ)

A empresa de sondas de petróleo Sete Brasil, investimento bilionário feito pela Petrobras, grandes bancos e fundos de pensão, já estuda entrar com um pedido de recuperação judicial.

A Folha apurou que a medida será sua última cartada para pressionar a Petrobras, caso a estatal não cumpra o acordo "fechado" desde agosto. Sem receita e com uma dívida de cerca de R$ 14 bilhões com bancos credores, a Sete já consultou escritórios de advocacia para assessorá-la no possível processo.

Como a Sete é um projeto de governo, a empresa quer mostrar à Justiça que a Petrobras –que também é sócia–está colocando a companhia em risco de falência ao não cumprir um acordo.

A Folha apurou que, até a conclusão desta edição, os sócios ainda não tinham decidido sobre o pedido de recuperação. Os credores nem sequer foram avisados.

Na semana passada, a Petrobras avisou a Sete que precisaria de mais dois meses para preparar os contratos. Mas, para isso, o conselho de administração teria de aprová-los. A reunião ocorreu nesta sexta sem que o assunto fosse discutido, como previsto.

Os bancos credores da Sete (alguns também são sócios) tinham dado prazo para a solução do impasse até terça (1º/12). A maioria já reservou recursos para arcar com o possível prejuízo.

O caixa da Sete praticamente secou. A saída judicial é extrema, mas com ela a Sete Brasil poderia solicitar o depósito judicial de receitas represadas de pelo menos seis das sondas em construção nos estaleiros contratados.

Duas delas estão 90% prontas. As demais estão pela metade. Isso daria fôlego para a companhia buscar novos recursos no mercado.

A empresa poderia ainda pedir ao juiz que proíba a estatal de rescindir o contrato.

A solução judicial é aventada internamente há pelo menos seis meses. Mas a decisão vem sendo adiada diante da pressão dos credores e de sinais da Petrobras de que firmaria um novo contrato.

ACORDO

Pelo acordo acertado com a Petrobras, a Sete construiria 14 sondas (em vez das 28 inicialmente acordadas) e operaria cinco delas para a estatal. As outras seriam passadas para concorrentes.

Orçado em US$ 25 bilhões, o empreendimento tem entre seus sócios o banco de investimentos BTG Pactual, controlado por André Esteves, envolvido na Lava Jato.

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R$ 14 bi
é a dívida da Sete Brasil com credores, já vencida

R$ 8,3 bi
foram investidos pelos sócios da empresa


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