Folha de S. Paulo


Ações chinesas têm maior queda desde agosto com investigação de corretoras

As ações da China caíram em mais de 5% —a queda mais acentuada desde o colapso do mercado de ações no terceiro trimestre— no pregão da tarde de sexta-feira (27), em meio a informações de que as autoridades regulatórias estavam aprofundando as investigações de supostas violações das normas financeiras por corretoras.

O índice composto da bolsa de Xangai fechou em queda de 5,5%, mas chegou a mostrar 6,1% de baixa até 15 minutos antes do fechamento, enquanto o índice composto da bolsa de Shenzhen fechou em queda de 6,1%, depois de ter caído em até 6,8%. O índice Hang Seng, da bolsa de Hong Kong, fechou em queda de 1,9%.

Esta semana surgiu a informação de que a maior corretora da China, a Citic Securities, havia superestimado em 1,06 trilhão de yuan (US$ 166 bilhões) os seus ativos em derivativos, alguns meses atrás. Na quinta-feira (26), a empresa anunciou que cooperaria com a agência chinesa de fiscalização do mercado de títulos em uma investigação sobre a suposta violação dos regulamentos chineses para transações de valores mobiliários.

As ações da Citic Securities, cotadas em bolsas da China continental, fecharam em queda de 10% —o limite diário— na sexta-feira, enquanto suas ações cotadas em Hong Kong fecharam com queda de 5,5%.

A corretora é controlada pelo China Citic Group, um conglomerado financeiro e industrial controlado pelo gabinete chinês. Pelo menos sete executivos de primeiro escalão do grupo foram acusados de transações com o uso de informações privilegiadas, o que levou à renúncia do presidente do conselho da instituição na semana passada.

A concorrente Guosen Securities, que tem ações cotadas na bolsa de Shenzhen, anunciou que também estava sob investigação por suspeita de violações. Suas ações fecharam em queda de 10% na sexta-feira.

Na manhã de sexta-feira, a Haitong Securities, que tem ações cotadas na bolsa de Hong Kong, estava em queda de 3,8% antes de solicitar que as transações com suas ações fossem suspensas, medida para a qual não apresentou motivo. A companhia está sob investigação da Comissão Regulatória de Valores Mobiliários da China por supostas violações, de acordo com a agência de notícias Reuters.

O sentimento negativo com relação às ações do setor financeiro ganhou ímpeto no pregão da tarde, levando a uma onda de vendas no final do período.

Antes da queda da sexta, a volatilidade que havia caracterizado o mercado da China durante o terceiro trimestre estava aparentemente controlada. A sexta-feira foi o maior dia de queda para o índice composto da bolsa de Xangai desde 25 de agosto, quando ele caiu em 7,7%, e foi a maior queda para o índice de Shenzhen desde 14 de setembro.

Desde o estouro da bolha no mercado de ações da China, em 12 de junho, os índices caíram em mais de 40% até atingirem recordes de baixa no final de agosto. As autoridades adotaram uma série de medidas extraordinárias para acalmar os nervos dos investidores, entre as quais a proibição de ofertas públicas iniciais de ações, a restrição de vendas de ações a descoberto e a proibição a grandes vendas de ações por acionistas com postos nos conselhos das empresas.

Pequim também apoiou o mercado por meio de compras de ações em larga escala, que aparentemente causaram diversos fortes saltos em finais de pregões, tirando as cotações de grandes quedas registradas ao longo do dia. Mas as autoridades terminaram por abandonar esses esforços e mudaram de foco, optando por intervir no mercado de câmbio a fim de dar sustentação ao yuan enfraquecido.

Como resultado dessas aquisições em larga escala, a "seleção nacional" do país agora detém pelo menos 6% das ações em circulação na China continental.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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