Folha de S. Paulo


Para duplicar Régis, empresa plantou 45 mil mudas de orquídea e bromélia

Reprodução/TV Folha
Obra de viaduto na serra do Cafezal, na BR-116
Obra de viaduto na serra do Cafezal, na BR-116

A duplicação da Régis Bittencourt (BR-116) está perto de ser concluída. O trecho que falta, uma extensão de 30 km na serra do Cafezal, está com 70% da construção finalizada.

O prazo de conclusão oficial foi marcado para o início de 2017, mas pode terminar já no segundo semestre do ano que vem, segundo estimativa da Arteris, que detém a concessão da Régis Bittencourt.

Aquele pedaço em meio a mata atlântica nativa pode ser chamado de uma das mais longas obras do Brasil, certamente não pela quilometragem, mas pela duração.

A extensão da duplicação começa em Juquitiba (SP), no km 336,7, e termina em Miracatu (SP), km 367 da Régis Bittencourt, principal eixo logístico a ligar o Sul ao Sudeste.

Editoria de Arte/Folhapress

O projeto de duplicação da rodovia foi elaborado há quase três décadas, mas as idas e vindas, especialmente de questões ligadas ao licenciamento ambiental, retardaram sua execução.

Nos anos 90, a Secretaria do Meio Ambiente paulista chegou a conceder a licença prévia, posteriormente contestada por ONGs -que obtiveram liminar impedindo o processo nos anos seguintes.

Um novo processo de licenciamento foi aberto a partir da concessão da rodovia para a Arteris, em um leilão realizado em 2007. A Arteris assumiu a gestão em 2008 e, no ano seguinte, o Ibama deu andamento ao processo de obtenção da licença de instalação.

A licença de instalação para a duplicação das extremidades da serra foi emitida em abril de 2010. Três anos depois, veio o licenciamento para o trecho central da serra.

A serra do Cafezal é o último trecho ainda não totalmente duplicado da estrada de 401,6 km que liga São Paulo a Curitiba -e que era conhecida no passado como rodovia da morte devido ao recorde de acidentes.

Ao todo, são 36 pontes e viadutos, além de quatro túneis -o mais longo, na altura do km 357, tem quase 800 metros de comprimento.

O empreendimento entrou agora em sua fase de maior investimento e desafio de engenharia, que é a construção dos últimos viadutos e túneis.

Desde que assumiu o contrato, a concessionária já investiu R$ 400 milhões e prevê outros R$ 600 milhões para a finalizar a duplicação.

PRESERVAÇÃO

"São tantas pontes e viadutos porque a licença ambiental não permite que você aterre um fundo de vale. Antigamente, você cortava o morro, aterrava o fundo de vale e fazia um plano. Hoje não pode mais. É preciso reduzir o impacto ambiental", diz Eneo Palazzi, diretor da Autopista Régis Bittencourt.

As exigências para o projeto também contemplaram um plantio compensatório. Nas obras das extremidades da duplicação, mais de 45 mil mudas foram plantadas. Hoje, a concessionária atua na manutenção de plantas como bromélias, orquídeas e palmitos que foram realocados.

Dentre as contrapartidas ambientais exigidas pelo Ibama, a concessionária também precisa executar um programa de proteção da fauna.

Nos trechos que interrompem a mata, foram construídas as chamadas passagens de fauna, túneis subterrâneos com um piso seco para que os animais possam transitar sem risco de atropelamento.

Assista

A concessionária não divulga quais são os locais exatos onde estão construídas suas 11 passagens nem revela quais espécies costumam habitar a área. O objetivo é evitar atrair caçadores.

A bióloga Fernanda Abra, doutoranda em ecologia aplicada na USP, ressalva que a construção de travessias para os animais não é eficiente se não houver cercas que impeçam o acesso deles à pista.

A reportagem visitou algumas dessas passagens com a autorização da concessionária. Não havia cercas no local, mas a Arteris disse que elas seriam elevadas em breve.


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