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Bares investem em temática 'geek' para atrair público obsessivo

Bruno Poletti/Folhapress
Tiago Almeida (dir.) brinca com sabre de luz com seu pai, Cézar, no Gibi Cultura Geek, em SP
Tiago Almeida (dir.) brinca com sabre de luz com seu pai, Cézar, no Gibi Cultura Geek, em SP

Um lugar para comer e beber, enquanto se joga videogame ou assiste ao novo episódio de "Game of Thrones". Esse é o conceito por trás do HP Geek Bar, aberto em Santos, no litoral de São Paulo, em maio deste ano.

O proprietário, Públio Junior, 30, fundou o local com um antigo parceiro de partidas de videogame.

Em seis meses, o empreendimento superou a meta de faturamento. "Esperávamos faturar algo em torno de R$ 40 mil, mas chegamos a R$ 90 mil no terceiro mês", conta Junior.

Para o empresário, o diferencial desse nicho é o engajamento do cliente com o empreendimento. "Eles torcem pelo bar e se sentem parte dele. Mas, consequentemente, são mais exigentes, percebem qualquer alteração no cardápio, por exemplo", diz.

Para Gustavo Carrer, consultor do Sebrae-SP, o investimento nos detalhes é crucial ao lidar com "geeks".

"Esse é um público que vai exigir atendimento mais especializado. Ele entende o que está consumindo, faz questão de mostrar que conhece do assunto", explica.

Outro empresário que apostou no nicho foi Tiago Almeida, 36, aficionado pelo mundo "geek" desde pequeno. Há dois anos, junto a quatro sócios, inaugurou em São Paulo o bar Gibi Cultura Geek.

"Queria um negócio para que o público socializasse e conversasse, então a ideia de um bar deu muito certo."

Para tirar a ideia do papel, ele foi atrás de sócios, que investiram R$ 700 mil para que o bar ficasse pronto. Isso incluiu a criação do cardápio temático, com drinks como "Galactic Empire", o império dos filmes "Star Wars", e artigos como uma junkie box que funciona por aplicativo.

"Sempre tomei cuidado para que tudo fosse original no bar. Isso é muito importante para esse consumidor", diz.

Criar um negócio baseado em um hobby pode ajudar no sucesso, diz Benjamin Rosenthal, professor da FGV. "O conhecimento do dono no tema garante legitimidade ao negócio", diz.

Mas é preciso cuidado para não se deixar levar. "Gostar do que se faz é importante, mas, ao gerir uma empresa, a paixão pode atrapalhar. É preciso ter pé no chão", diz Carrer, do Sebrae-SP.


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