Folha de S. Paulo


Apps de táxi investem em descontos, novela e futebol para enfrentar Uber

Kai Pfaffenbach/Reuters
File illustration picture showing the logo of car-sharing service app Uber on a smartphone next to the picture of an official German taxi sign in Frankfurt, September 15, 2014. A Frankfurt court earlier this month instituted a temporary injunction against Uber from offering car-sharing services across Germany. San Francisco-based Uber, which allows users to summon taxi-like services on their smartphones, offers two main services, Uber, its classic low-cost, limousine pick-up service, and Uberpop, a newer ride-sharing service, which connects private drivers to passengers - an established practice in Germany that nonetheless operates in a legal grey area of rules governing commercial transportation. REUTERS/Kai Pfaffenbach/Files (GERMANY - Tags: BUSINESS EMPLOYMENT CRIME LAW TRANSPORT) ORG XMIT: KAI09
Uber e táxis tentam atrair consumidores no Brasil

Os problemas no transporte público já são, por si só, uma boa publicidade a qualquer iniciativa que busque alterar a realidade do setor no país.

Mesmo assim, aplicativos de táxi vêm investindo alto em propaganda em um momento que alternativas, como o Uber, também crescem.

Nesta sexta-feira (27), o Uber anunciou, por exemplo, uma redução de 15% na tarifa para viagens em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Com a movimentação do Uber, os apps de táxi também vêm agindo.

Corridas grátis, descontos, inserções em televisão durante a novela, patrocínio a times de futebol e até mesmo propagandas no metrô —concorrente problemático do táxi— fazem parte da estratégia para conquistar novos usuários e também taxistas às redes.

MOBILIDADE
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A disputa é por um mercado com cerca de 34 mil táxis (apenas em SP) e que movimenta mais de R$ 1 bilhão por mês no país, segundo estimativas do setor.

A 99Taxis é uma das start-ups na disputa pela liderança. A empresa começou a ser mais agressiva no marketing, após receber investimento de R$ 130 milhões no ano passado e aumentar em 100% a verba destinada a publicidade em 2015 em comparação a 2014.

Após construir uma base de taxistas, que hoje gira em torno de 120 mil pelo país, a 99 buscou então ser conhecida pelo público —e uma das apostas é o futebol. Começou então a patrocinar oito clubes no país, entre eles Corinthians, Cruzeiro e Bahia.

Trens do metrô de São Paulo adesivados de amarelo —cor do aplicativo— também fizeram parte da estratégia.

Além disso, descontos de 20% na corrida (percentual bancado pelo aplicativo) foram oferecidos aos usuários no início deste ano. O percentual se mantém em promoções esporádicas pelas redes sociais.

Mas o ponto alto foi na TV, com anúncios durante o Jornal Nacional e a novela das 21h da Globo.

"Em junho contratamos a agência África para massificar a 99. Esse é o objetivo da propaganda: fazer com que as pessoas conhecessem as vantagens dos aplicativos de táxi e, além disso, fizemos com que a comunicação fosse leve e bem humorada", diz Maria Elisa Silva, diretora de marketing da empresa.

CORRIDAS PARA O AEROPORTO

De acordo com taxistas, um ponto crucial para o crescimento do Uber em São Paulo foi a cobrança de 50% sobre o valor da corrida dos táxis ao aeroporto de Guarulhos. Os trabalhadores afirmaram que o número de corridas havia despencado.

Foi aí que a 99 decidiu combater isso agindo para que os taxistas abrissem mão da cobrança extra. Após consulta, a empresa resolveu abdicar da taxa.

"Já começamos a sentir o retorno de investimento em torno de 20% a 30%, que as pessoas já estão usando mais o aplicativo e nossos números estão crescendo", completa Silva.

A Easy Táxi, a outra empresa na busca pela liderança, conta também com 120 mil taxistas cadastrados. Ela iniciou parcerias com bares e marcas de bebidas alcoólicas para oferecer descontos aos usuários que pedissem táxis via aplicativo.

A start-up, que recebeu uma série de investimentos em três anos, sendo o último de cerca de R$ 120 milhões, em 2014, também ofereceu descontos para iniciantes, Ela também mantém parceria com empresas, como Santander e TAM, para que os empregados dessas empresas ganhem descontos ao utilizar táxis via aplicativo.

"A tendência é isso [a propaganda]. Mas só conseguimos fazer isso graças à malha de táxis pulverizada, então fazemos uma ação unificada. Por isso, conseguimos juntar a classe toda e, por meio da tecnologia, prover descontos via aplicativo", diz Dennis Wang, co-CEO da Easy Táxi.

O futebol também faz parte do rol de promoções. A empresa oferece 10% de desconto nas corridas para os Sócio Torcedores de 70 clubes do país.

Apesar de não falar em percentual ou valores, a empresa afirma que há um potencial de crescimento para ela no mercado.

"No Brasil, aproximadamente 18% dos usuários de táxi que têm smartphone usaram o aplicativo. Isso dá para crescer muito só com gente que tem celular. Esse mercado deverá bater os 100% logo, então imagina englobando todo mundo", afirma Wang.

CONCORRÊNCIA

Apesar de disputarem o mesmo mercado, a opinião das empresas é convergente: há espaço para todo mundo.

Já em relação ao Uber, há o pedido dos aplicativos por uma melhor regulação do setor.

"Para a gente não foi uma surpresa a chegada do Uber. Somos a favor da regulamentação do setor. Tem muitas delas que querem regularizar os aplicativos de táxi, então para nós uma lei nacional ajudaria muito. Eu defendo que a lei seja respeitada", diz Wang.

"A lei hoje é muito clara, a única forma de transporte individual de passageiro, é o táxi", conclui.

Apesar de não comentar sobre o avanço do Uber no mercado, a 99Taxis afirma observar as movimentações do mercado e não descarta novas possibilidades para um aceno a esse tipo de transporte.

"A gente trabalha muito com o mercado regulatório, ainda há uma demanda muito grande [no mercado de táxi]. Hoje seria obviamente tirar o foco [criar uma empresa concorrente], mas acompanhamos o mercado e queremos sempre inovar", diz Pedro Somma, diretor de operações da 99.

CALCULADORA

Em um momento em que as possibilidades de transporte crescem, também aumentam as dúvidas em relação a qual delas é mais vantajosa financeiramente.

O economista da FGV, Samy Dana, desenvolveu uma calculadora que mensura os gastos envolvidos entre ter um carro próprio, utilizar táxi, Uber ou um carro compartilhado todos os dias.

Há ainda a possibilidade de alterar o número de corridas e a quilometragem diária nos veículos de transporte público individual e, no carro particular, os custos de seguro, litro da gasolina, desvalorização do bem, entre outras variáveis.

Compare a corrida do Taxi, Uber, Zazz com o carro


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