Folha de S. Paulo


Brasil quer concluir acordo Mercosul-UE em 2016

Pedro Ladeira/Folhapress
BRASILIA, DF, BRASIL- 01.12.2014: O Palácio do Planalto informou nesta segunda-feira (1º) que o senador Armando Monteiro Neto (PTB-PE) aceitou convite da presidente Dilma Rousseff para assumir o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Na foto Armando Monteiro. ( Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro Neto, disse que Mercosul e União Europeia devem trocar propostas para um acordo bilateral de comércio entre os blocos ainda neste ano. A expectativa do ministro é de que o acordo seja aprovado em 2016 e entre em vigor em 2017.

Segundo Monteiro, a proposta do Mercosul já está pronta e abrange 90% dos bens que fazem parte do comércio entre os blocos. "O Mercosul nunca preparou uma oferta de acesso a mercados tão ambiciosa", disse o ministro nesta segunda feira, durante evento promovido pela Eurocâmaras, grupo que reúne as câmaras de comércio dos países da UE, em São Paulo.

Ele afirmou que nenhum setor da economia ficou de fora da proposta, que incluiu até o setor de serviços, considerado um dos mais sensíveis ao acordo bilateral, e compras governamentais. O ministro destacou, porém, que a proposta da UE na área agrícola precisará ter maior alcance em comparação à oferta anterior. "Essa é uma condição essencial para avançarmos nas negociações."

Para Monteiro, o acordo pode proporcionar aumento da produtividade e da competitividade das empresas brasileiras, ao estimular a internacionalização de empresas e o aumento do fluxo de investimentos.

De acordo com ele, a conclusão do acordo Mercosul-UE, cuja negociação dura 15 anos, é o ponto central da política comercial brasileira. Monteiro afirmou que, após anos de dificuldades, com posições refratárias de algumas nações da América do Sul ao acordo, agora todos os países do Mercosul estão convencidos de que o bloco precisa sair do isolamento. "Precisamos nos integrar a outras correntes de comércio, sobretudo em regiões que tenham mais dinamismo. Para isso, podem ter certeza que o Brasil tem uma posição muito firme."

O ministro ainda pediu apoio das empresas para a conclusão das negociações. "Se a posição do governo não tiver respaldo das empresas, o acordo não avança", disse. Ao mesmo tempo, porém, Monteiro disse acreditar que o setor privado está "mais maduro".

Na avaliação de Monteiro, a demora na conclusão das negociações reflete, além das assimetrias nos interesses dos membros do Mercosul, a posição refratária de empresários à maior exposição no comércio global. "Quem ficar na falsa zona de conforto está condenado a perder posições e até morrer", admitiu o ministro.

A União Europeia é o principal parceiro comercial do Mercosul, responsável por 20% do comércio total do bloco.

IMPACTO NA ECONOMIA

Segundo a professora da Fundação Getúlio Vargas Vera Thorstensen, o acordo Mercosul-UE pode significar um crescimento de até 1,3% do PIB ao Brasil em 2030. O estudo, que analisa possíveis impactos do acordo para a economia brasileira, foi apresentado nesta segunda durante o evento da Eurocâmaras.

A pesquisadora fez duras críticas à política comercial brasileira. Para ela, o país precisa desenvolver mais acordos comerciais, em busca de inclusão nas cadeias globais de produção. "O Brasil está fora dos acordos preferenciais por causa de ideologia, mas o mundo fechado que o país ainda defende acabou. Achar que o Brasil pode viver só exportando para a América do Sul é um sonho", disse Thorstensen.

Monteiro respondeu às críticas afirmando que o Brasil atua em diferentes frentes na política comercial (bilateral, regional e multilateral), defendendo que elas não são excludentes.


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