À falta de novas iniciativas ou metas a anunciar, o comunicado final da cúpula do G20, encerrada nesta segunda-feira (16) em Antalya, na Turquia, comprometeu-se a reduzir em 15% até 2025 a porcentagem de "jovens que correm o maior risco de serem permanentemente deixados para trás no mercado de trabalho".
É uma referência aos chamados "nem-nem" (nem estudam nem têm empregos formais).
Além dos jovens, o clubão das grandes economias acenou também para as mulheres, ao mencionar a meta de reduzir a brecha na participação entre mulheres e homens no mercado de trabalho.
Metas simpáticas mas que são recebidas com certo ceticismo, porque o objetivo mais ambicioso desenhado no G20 anterior e reafirmado agora não será cumprido: é o de aumentar em 2 pontos percentuais o crescimento da economia em 2018, em relação ao que FMI previa na cúpula de 2013.
Em números: a previsão era de crescimento de 2,9%. Dois pontos percentuais a mais dariam praticamente 5%, o que é inalcançável a julgar pelo desempenho da economia até agora.
"O crescimento global está agora projetado para ser inferior, nos próximos cinco anos, do que as previsões iniciais que não contavam com o Plano de Ação de Brisbane [o que estabeleceu a meta de 2 pontos a mais]", diz, por exemplo, Thomas Bernes, pesquisador do Centro para Inovações em Governança Internacional.
Ou seja, nem o crescimento normal, sem as medidas de estímulo anunciadas em Brisbane, está sendo obtido, quando mais o anabolizado.
Além do desemprego juvenil, meta concreta, o comunicado trata também da desigualdade, tema que vem ocupando crescente espaço na agenda, ao afetar países desenvolvidos (era e é tradicional nos países de desenvolvimento).
O documento de Antalya trata a "crescente desigualdade em muitos países" como um "risco para a coesão social e o bem-estar de nossos cidadãos".
Além disso, pode "também ter impacto econômico negativo e prejudicar nosso objetivo de aumentar o crescimento".
A cúpula confirmou igualmente dois avanços já previamente anunciados: a conclusão dos planos para evitar a transferência de lucros para países em que a taxação é baixa ou nula, e os mecanismos para evitar que os grandes bancos - os chamados "grandes demais para quebrar"- tenham que recorrer a recursos públicos em caso de crise, como aconteceu em 2008/09.