Folha de S. Paulo


Japão volta a entrar em recessão, mas país tem força para crescer

Yuya Shino/Reuters
Investidores em frente a painel eletrônico na Bolsa de Tóquio
Investidores em frente a painel eletrônico na Bolsa de Tóquio

O Japão voltou à recessão depois que sua economia se contraiu em 0,8% em termos anualizados no terceiro trimestre, uma queda superior à prevista.

No entanto, uma análise mais detalhada dos números do PIB sugere que a economia ainda retém algum ímpeto.

Quase todo o declínio se deve a uma redução de estoques por parte das empresas, o que reduziu em 2,1% o crescimento anualizado japonês.

Por sua natureza, os estoques têm um limite implícito de queda possível. Ao mesmo tempo, o consumo contribuiu com 1,2% anualizado para o crescimento, e as exportações líquidas com mais 0,4% de crescimento anualizado.

Mas o investimento se manteve fraco, reduzindo em 0,7% o índice anualizado de crescimento. O primeiro-ministro Shinzo Abe está pressionando as empresas japonesas a investir mais, mas elas frequentemente optam por fazê-lo fora do país.

O governo do Japão está preparando um orçamento suplementar a fim de sustentar a economia. As autoridades já haviam sinalizado que números ruins sobre o PIB poderiam encorajá-las a ampliar o estímulo.

O número de 0,8%, que superou consideravelmente a previsão de uma contração anualizada de 0,3%, é um novo golpe para Abe e seus esforços para pôr fim à deflação e revitalizar o crescimento econômico.

Ainda que existam poucos sinais de que a economia esteja entrando em uma espiral de queda, a demanda frouxa torna mais difícil persuadir empresas a aumentar salários e investimentos no ano que vem.

O Banco do Japão considera aumentos de salários essenciais para o progresso em direção à sua meta de inflação anual de 2%.

"A segunda queda consecutiva do Produto Interno Bruto (PIB) sublinha os riscos de que as projeções de crescimento do Japão sejam descumpridas. A crescente redução no uso da capacidade instalada atenua as pressões de preços, e com isso continuamos convencidos de que mais estímulo monetário será necessário", disse Marcel Theliant, da Capital Economics, em Cingapura.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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