Folha de S. Paulo


Dólar recua para R$ 3,77 com rumor sobre Meirelles na Fazenda; Bolsa sobe

O dólar recuou para R$ 3,77 nesta quarta-feira (11), influenciado por rumor de que o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles assumiria o Ministério da Fazenda no lugar do atual titular da pasta, Joaquim Levy. Já a Bolsa acompanhou o exterior e fechou em alta com a expectativa de que a China adote medidas de estímulo após dados de produção industrial no país.

O dólar à vista, referência no mercado financeiro, teve queda de 0,32%, para R$ 3,776. O dólar comercial, usado em transações de comércio exterior, registrou desvalorização de 0,55%, para R$ 3,771. Na mínima, ambos atingiram R$ 3,70.

O Ibovespa, principal índice do mercado acionário brasileiro, fechou com avanço de 1,86%, para 47.065 pontos. Das 63 ações que compõem o índice, apenas oito encerraram o dia em baixa.

Em dia de volume reduzido devido ao feriado de Dia dos Veteranos nos Estados Unidos, a moeda americana passou boa parte da sessão sob o impacto do rumor de que Levy seria substituído por Meirelles.

Ambos estiveram em um mesmo evento nesta quarta-feira. Na saída, o ministro defendeu o ajuste fiscal como ferramenta necessária para que o país volte a crescer. Já Meirelles comentou o rumor que corria no mercado e afirmou que não houve "convite concreto" para assumir o Ministério da Fazenda.

"Não há convite concreto (para ser ministro da Fazenda) e eu não comento especulações, não comento nenhum tipo de boato", afirmou Meirelles a jornalistas.

A forte queda do dólar durante a manhã indica que o nome de Meirelles agrada o mercado. O ex-presidente do BC é considerado um bom articulador político que poderia amenizar os atritos entre governo e Congresso e também ajudar na aprovação do ajuste fiscal.

"Meirelles já foi deputado eleito no governo Lula e tem um trânsito melhor junto à classe política que o Levy. Ele daria mais governabilidade e teria mais facilidade de aprovar o ajuste fiscal", afirma Carlos Pedroso, economista-chefe do Banco de Tokyo-Mitsubishi.

Dólar histórico

TROCA DE MINISTROS

Alvo de pressões de petistas e até de empresários, o ministro Joaquim Levy (Fazenda) está disposto a resistir à nova onda para tirá-lo do posto enquanto considerar que tem o apoio da presidente Dilma dentro do governo.

Apesar de se sentir isolado, Levy tem recebido da presidente sinalizações de que mantém o apoio à sua política de ajuste fiscal como passo essencial para garantir a retomada do crescimento da economia brasileira.

Além do apoio de Dilma, o ministro da Fazenda aponta outro motivo classificado por ele como fundamental para sua permanência no governo: aprovar um Orçamento da União para 2016 que garanta um superavit primário.

Dentro do Palácio do Planalto, o ministro Jaques Wagner (Casa Civil) tem dito que não há motivo para tirar Levy do cargo e que o governo vai priorizar, nesta reta final de ano, a aprovação das medidas do pacote fiscal -o que está em linha com o que defende o ministro da Fazenda.

Os investidores também acompanharam votações importantes para o ajuste fiscal na Câmara e no Senado. Os deputados devem apreciar nesta quarta o projeto de repatriação de recursos depositados ilegalmente no exterior. O Senado informou também que a Casa pode retomar o processo de apreciação do projeto caso a Câmara não avance na proposta.

Também agradou a decisão do deputado Ricardo Teobaldo (PTB-PE) de reduzir a possibilidade de abatimento na meta de superavit primário do ano que vem a R$ 20 bilhões por investimentos no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), sobre R$ 30 bilhões pensados antes.

O BC deu sequência à rolagem dos contratos de swaps cambiais (equivalentes à venda futura de dólares) que vencem em dezembro. Até agora, a autoridade monetária rolou o equivalente a US$ 4,141 bilhões, ou cerca de 38% do lote total, que corresponde a US$ 10,905 bilhões.

No mercado de juros futuros, as taxas dos contratos caíram na BM&FBovespa. O DI para janeiro de 2016 caiu de 14,240% para 14,220%. Já o DI para janeiro de 2021 apontava taxa de 15,590%, ante 15,720% na sessão anterior.

CHINA

O otimismo gerado pela perspectiva de novos estímulos na China provocou a valorização de 18 das 24 principais divisas emergentes em relação ao dólar. O gigante asiático importa matéria-prima produzida por emergentes. O crescimento chinês, portanto, impulsiona as economias desses países, com a perspectiva de maior importação de commodities para amparar a expansão.

O país divulgou hoje que o crescimento da produção industrial chinesa atingiu a mínima de sete meses em outubro, enquanto a expansão do investimento registrou o ritmo mais fraco desde 2000. Os dados sinalizam que mais suporte do governo pode ser necessário para sustentar a demanda em desaceleração na segunda maior economia do mundo.

A produção industrial cresceu a um ritmo anual menor do que o esperado, de 5,6% em outubro, o mais fraco em sete meses, informou nesta quarta-feira a Agência Nacional de Estatísticas. O investimento em ativos fixos subiu 10,2% nos primeiros 10 meses do ano, em linha com as expectativas mas ao ritmo mais fraco desde 2000, e abaixo do ganho de 10,3% entre janeiro e setembro.

No exterior, as Bolsas europeias subiram por causa da perspectiva de estímulos na China. A Bolsa de Londres subiu 0,35%, enquanto Paris e Frankfurt avançaram, respectivamente, 0,82% e 0,70%.

AÇÕES

As ações da Petrobras subiram nesta quarta-feira e ajudaram a impulsionar o Ibovespa.

Os papéis preferenciais da estatal —mais negociados e sem direito a voto— avançaram 1,45%, para R$ 7,72. As ações ordinárias —com direito a voto— tiveram valorização de 0,54%, para R$ 9,26.

As ações da Vale, que abriram em alta, encerraram o dia em baixa. Os papéis preferenciais da empresa caíram 0,24%, para R$ 12,70, e os ordinários tiveram desvalorização de 0,39%, para R$ 15,32.

As ações de elétricas também subiram nesta quarta-feira após a Câmara aprovar, na noite de terça, medida provisória que cria compensação para os concessionários em caso de falta de chuva ao autorizar o governo a apoiar hidrelétricas após perdas geradas pelo deficit hídrico. O texto segue para o Senado, onde deve passar plenário já na próxima semana.

Os papéis preferenciais da Eletrobras avançaram 0,19% e os ordinários subiram 3,97%.

Os bancos também fecharam em alta nesta sessão. As ações do Itaú subiram 2,72%, os papéis preferenciais do Bradesco avançaram 2,44% e os do Banco do Brasil tiveram alta de 0,76%.


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