Folha de S. Paulo


Japão, China e Coreia do Sul anunciam retomada de cooperação

Jung Yeon-je/Reuters
A presidente sul-coreana, Park Geun-hye (centro) e os primeiros-ministros japonês e chinês, Shinzo Abe e Li Keqiang, em reunião de cúpula em Seul, onde trataram questões sobre livre-comércio e segurança
A presidente sul-coreana, Park Geun-hye (centro) e os primeiros-ministros japonês e chinês, Shinzo Abe e Li Keqiang, em reunião de cúpula em Seul, onde trataram questões sobre livre-comércio e segurança

Os chefes de governo de Japão, China e Coreia do Sul selaram neste domingo em Seul, na primeira cúpula em três anos, o compromisso de acabar com as disputas históricas e territoriais, e pediram que a Coreia do Norte desista de realizar testes nucleares e de mísseis.

A presidente sul-coreana, Park Geun-hye e os primeiros-ministros japonês e chinês, Shinzo Abe e Li Keqiang, conversaram durante uma hora e meia a respeito de uma série de temas, do livre comércio ao programa nuclear da Coreia do Norte.

No documento consta o compromisso de normalizar os deteriorados laços bilaterais entre Japão e seus dois vizinhos para "superar a situação atual na qual coexistem a interdependência econômica e as tensões políticas e de segurança".

A presidente sul-coreana afirmou, em entrevista coletiva conjunta após o encontro, que "a normalização no sistema de cooperação de três lados é um grande passo rumo à paz e à prosperidade no nordeste da Ásia".

As disputas dos arquipélagos Takeshima/Dokdo e Senkaku/Diaoyu (que Tóquio disputa com Seul e Pequim, respectivamente) e os conflitos históricos derivados do colonialismo do Japão sobre seus dois vizinhos tinham impedido que esta cúpula fosse realizada desde 2012.

Assim, os três líderes se comprometeram a restabelecer o caráter anual desta reunião de chefes de governo, cuja próxima edição vai acontecer no ano que vem no Japão.

Ainda que nenhum acordo específico tenha sido anunciado nesta cúpula, a sua organização já era considerada altamente simbólica.

LIVRE-COMÉRCIO

No plano econômico, o principal assunto de debate foi o futuro Tratado de Livre-Comércio (TLC) entre as três potências asiáticas, que mantêm fortes laços econômicos e comerciais, e representam aproximadamente 20% do PIB global e 17,5% do comércio em todo o planeta.

"Vamos aumentar nossos esforços para acelerar as negociações dos três lados com o objetivo de tornar possível um tratado amplo, de alto nível e de benefício comum", prometeram os dirigentes.

ARMAS NUCLEARES

Outro tema de destaque na cúpula foi o conflito na península coreana e o desenvolvimento de armas nucleares e mísseis pela Coreia do Norte.

"Reiteramos nossa firme oposição ao desenvolvimento de armas nucleares na península coreana e mantemos a posição de que devem ser aplicadas estritamente as obrigações e os compromissos internacionais marcados pelas resoluções do Conselho de Segurança da ONU", expressaram os líderes na declaração.

Esta mensagem teve como destinatária a Coreia do Norte, país ao qual os líderes também fizeram uma advertência diante da possibilidade de que realize um novo teste nuclear ou de mísseis de longo alcance.

"Somos contrários a qualquer ação que possa causar tensão na península coreana ou violar as resoluções pertinentes do Conselho de Segurança da ONU", disseram os chefes de governo.

Park, Li e Abe também elogiaram o acordo alcançado pelas duas Coreias em agosto para pôr fim à tensão militar e desejaram que ele permita "um progresso significativo nas relações intercoreanas" para garantir a paz na península e na região do nordeste da Ásia.


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