Folha de S. Paulo


É preciso monitorar o funcionamento de programas sociais, diz Levy

Luiz Carlos Murauskas - 29.set.2015/Folhapress
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy

Joaquim Levy, ministro da Fazenda, reiterou neste sábado (31), em Marrakesh, a necessidade de monitorar o funcionamento de programas sociais como o Bolsa Família e da aposentadoria rural.

"Precisamos de mecanismos para medir os resultados dos projetos", afirmou a jornalistas após sua apresentação durante um evento internacional no Marrocos.

Levy é um dos principais participantes da conferência Atlantic Dialogues, sobre cooperação entre países no Atlântico, realizada em Marrakesh neste final de semana. Ele confirmou a aparição apenas na véspera, após sua visita a Londres. Ele embarca ao Brasil no domingo.

Parecia interessar à plateia, em especial, quais são as estratégias brasileiras para sair da crise. O ministro repetiu as fórmulas de cortes de gastos e aumento de impostos. "É muito desagradável, mas é a maneira de trabalhar", afirmou sobre a tributação.

O corte de gastos, em especial, precisa garantir que haja "qualidade de gastos", disse. O monitoramento de programas sociais, verificando se são entregues de maneira correta, foi um de seus exemplos.

"Temos colocado e tirado pessoas constantemente. Checamos se elas se encaixam nos critérios", disse. O controle das aposentadorias rurais, onde pode haver abusos, seria segundo o ministro uma "enorme economia".

Em relação ao Bolsa Família, o ministro elogiou o programa como um projeto de pouco custo e muito resultado. "Permite que as pessoas participem da economia. É muito valioso."

AGRICULTURA

Mais cedo, em um painel sobre agricultura e fome na África, Levy havia afirmado que o Brasil pode contribuir à região com sua experiência no setor.

Em especial, Levy mencionou a importância da infraestrutura institucional e das políticas de crédito. "É necessário ter as instituições financeiras no terreno."

O debate sobre a "revolução verde" na África contava também com Olusegun Obasanjo, ex-presidente da Nigéria, entre outros participantes.

Antes da discussão, a plateia pode votar por meio de um sistema virtual em uma enquete: que países são modelos para esse desenvolvimento?

O Brasil foi elegido como o principal exemplo, ao lado do Marrocos. Em sua fala, o ministro Levy mencionou especificamente a experiência brasileira na agricultura com o auxílio de fosfato marroquino.

O fosfato é um dos principais produtos exportados pelo Marrocos, país que possui 75% das reservas mundiais. O item, usado na fertilização, é também um fator importante do conflito territorial no Saara Ocidental, hoje controlado pelo Marrocos.

Sentado ao lado de Levy estava Mostafa Terrab, chairman do grupo OCP, um gigante da exploração de fosfato que é propriedade do Estado marroquino. É uma produção frequentemente criticada.

A jornalistas Levy enfatizou a parceria entre Brasil e Marrocos no campo da agricultura e elogiou o país como uma "porta de entrada para toda a África".

O jornalista DIOGO BERCITO viajou a convite do Atlantic Dialogues


Endereço da página: